domingo

Afastamento de Deus

Êxodo 32 – Esse texto é um texto que fala a respeito da idolatria de Israel, quando eles saíram do Egito. Esse texto fala do bezerro de ouro que eles fizeram para adorar.
Possivelmente, muitos aqui já ouviram mensagens baseadas nesse texto, falando qual é o bezerro de ouro da sua vida e coisas desse tipo.
Eu não pretendo tratar a respeito disso, porque Deus colocou no meu coração falar uma outra coisa com a amada igreja nesta noite.
Naturalmente também, a mensagem dessa noite NÃO será algo inédito, algo novo, porque não existe nada de novo debaixo do sol.
Sempre que a gente pensa que irá falar algo que nunca foi dito antes, depois a gente descobre que muitas pessoas falaram a respeito daquele assunto.
No entanto, vamos, nesta noite, meditar a respeito desse texto, sobre algumas coisas que chamaram a minha atenção, quando eu o li nestes dias de feriado.
Êx 32.1-10 — Mas, vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte (monte Sinai = Orebe), acercou-se de Arão e lhe disse: Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe terá sucedido. 2 Disse-lhes Arão: Tirai as argolas de ouro das orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas e trazei-mas. 3 Então, todo o povo tirou das orelhas as argolas e as trouxe a Arão. 4 Este, recebendo-as das suas mãos, trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro fundido. Então, disseram: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. 5 Arão, vendo isso, edificou um altar diante dele e, apregoando, disse: Amanhã, será festa ao SENHOR. 6 No dia seguinte, madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se. 7 Então, disse o SENHOR a Moisés: Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu 8 e depressa se desviou do caminho que lhe havia eu ordenado; fez para si um bezerro fundido, e o adorou, e lhe sacrificou, e diz: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. 9 Disse mais o SENHOR a Moisés: Tenho visto este povo, e eis que é povo de dura cerviz (coração). 10 Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles o meu furor, e eu os consuma; e de ti farei uma grande nação.
Perigos que corremos quando nos afastamos de Deus. É a respeito disso que eu gostaria de refletir com os irmãos, nessa noite.
Sempre que nos imaginamos bons o suficiente em determinada área da nossa vida, nós corremos o risco de errar, exatamente, naquilo em que nos tornamos capazes, naquilo em que nos achamos melhores.
Isso acontece porque haverá um relaxamento natural, quando achamos que somos infalíveis naquilo que fazemos. Isso é uma mostra na nossa soberba, da nossa arrogância.
Quanto mais hábeis, ou capazes, nós somos, ou nos tornamos, em determinada área de atuação, mais nós corremos o perigo de nos achar bons o suficiente, e assim, banirmos da nossa mente a idéia de que precisamos da ação divina para nos orientar.
Por exemplo, há pouco tempo atrás, um homem chamado Steve Irving (lembram-se dele?), um dos homens mais capazes e acostumado a lidar com animais selvagens.
Um cara que enfrentava tigres, serpentes venenosas, crocodilos e todo tipo de animal, mergulhou pra caçar tubarões, foi atacado por uma arraia, cujo ferrão penetrou no seu coração e ele morreu.
Esse homem era um camarada hábil. A TV chegou a mostrá-lo alimentando crocodilos ferozes com seu filho pequeno no colo. Isso gerou uma polêmica muito grande nos Estados Unidos e no mundo.
Mas a confiança dele era tão grande, a capacidade que ele possuía era tão extraordinária, que ele achava que tinha completo domínio sobre qualquer situação que envolvia sua própria vida.
Ele pensava que jamais seria atacado e morto por um crocodilo, por uma serpente ou por um tubarão. Aí, de repente, ao mergulhar para caçar tubarões ele é atacado e morto por uma arraia.
Quando NÃO tomamos certos cuidados, nossas habilidades geram em nós um certo tipo de soberba e de auto confiança. Coisas que podem determinar o nosso fracasso e a nossa destruição.
Na nossa vida cristã, muitas vezes, nós nos acomodamos, pensando que já sabemos de tudo, e isso pode nos levar à ruína.
Quanto mais você achar que já sabe tudo de teologia, tudo da Bíblia, que você já tem a salvação e não precisa se preocupar com mais nada, mais próximo você está do fracasso espiritual.
Isso foi o que aconteceu com o povo de Israel. E isso tem acontecido com muitos crentes nos dias de hoje. Israel viu muitos milagres, muitas intervenções de Deus para lhe dar livramento.
No entanto, esse texto nos conta a história de uma das traições mais terríveis, de um dos atos mais vis, mais infames, contra Deus, quando eles resolvem fazer um bezerro de ouro pra adorar.
Esse texto é a demonstração da vida de um povo auto confiante que analisou a sua situação através de uma visão henoteista.
Eu vou explicar o que é isso. Tem gente que tem medo de falar certas palavras e depois não saber explicar o que significam. O henoteismo é uma crença, ou forma de religião, em que se cultua um só Deus, mas SEM que se exclua a existência de outros deuses.
O povo de Israel cria no Deus todo poderoso, mas cria também em deuses menores, criados ou inventados por eles mesmos. Ou seja, eles criam no Deus do pacto, mas NÃO o consideravam um Deus supremo a quem deveriam amar e servir com exclusividade, e se santificar a esse Deus.
É assim que a gente entende que o afastamento de Deus, claramente visível nesse texto, é também um afastamento completo da confiança e da fé que devemos ter no Deus da Aliança.
Quando nós nos afastamos do Deus das Escrituras, da Palavra de Deus, nós corremos alguns perigos.
Em 1º lugar – Um perigo é esquecer que a intervenção de Deus nas nossas vidas acontece no tempo que o próprio Senhor determinou que acontecesse.
É isso o que nos diz o v.1 — vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte acercou-se de Arão e lhe disse: Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que aconteceu com ele.
Reparem que Deus havia libertado de forma extraordinária, o povo de Israel de seus inimigos. Aquele povo acabara de ver a atuação milagrosa de Deus em suas vidas, retirando-os do Egito, libertando-os do jugo de Faraó, fazendo-os passar a pés enxutos pelo Mar Vermelho.
Mas esse povo, além de ser um povo ingrato, era um povo vexado, um povo que não sabia esperar o tempo de Deus. Eles haviam passado 430 anos como escravos no Egito, mas foram incapazes de esperar um pouco mais, porque Moisés havia se retirado por apenas 40 dias para falar com Deus no monte Orebe.
Assim, quando nos esquecemos que a intervenção de Deus nas nossas vida acontece no tempo do Senhor e não no nosso, nós tentamos culpar ao próprio Deus pela demora e nos afastamos Dele. É aqui que mora o perigo.
Moisés se ausentara para subir ao monte Sinai e receber das mãos de Deus as Tábuas da Lei, receber de Deus a orientação necessária para suas vidas. Mas, na ausência de Moisés, o povo se impacienta, achando que Moisés estava demorando muito.
Isso evidencia a arrogância e a soberba daquele povo que não sabia entregar os seus caminhos ao Senhor, descansar Nele, e esperar com paciência.
Aí eles se entregam à idolatria. Esse é um dos pecados mais funestos, mais infames que alguém pode cometer contra Deus. Sempre que desejamos algo e não sabemos esperar em Deus, quando passamos a confiar em nossas próprias capacidades para fazer isso ou aquilo, corremos o risco de nos entregar à idolatria.
Corremos o risco de achar que Deus NÃO tem competência para fazer o que queremos, e que podemos fazer tudo com as nossas próprias habilidades. Ou seja, tiramos Deus de cena e colocamos o homem como o centro de tudo.
Mas as coisas não funcionam assim. Deus é o Senhor soberano e tudo no universo está no controle Dele. Tudo acontece no tempo de Deus, e não no nosso.
Eu me lembro que na época daquele acidente do avião da Gol que se chocou com um jatinho Légacy, quando morreram 155 pessoas, um cidadão foi entrevistado no aeroporto de Manaus.
Essa pessoa contou que chegou para embarcar naquele vôo, mas o seu nome não constava na lista de reservas. Ele esbravejou e discutiu para tentar embarcar, mas não conseguiu.
Aí ele recebe a notícia de que o avião caiu e que todos morreram. Imaginem como deve ter ficado a cabeça desse cidadão. E ele diz na entrevista — Foi Jesus quem me salvou. Não morri porque Deus não quis. Ele tem um propósito na minha vida...
As coisas acontecem no momento de Deus, não no nosso. E quando nos afastamos de Deus, nos tornamos mais vulneráveis a não compreender isso.
Em 2º lugar – Esse texto nos ensina que, quando nos afastamos de Deus, corremos o perigo de ter medo de dizer NÃO. Mesmo quando o SIM vai contra a Palavra de Deus.
É isso o que dizem os v.2-6 — Disse-lhes Arão: Tirai as argolas de ouro das orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas e trazei-mas. 3 Então, todo o povo tirou das orelhas as argolas e as trouxe a Arão. 4 Este, recebendo-as das suas mãos, trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro fundido. Então, disseram: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. 5 Arão, vendo isso, edificou um altar diante dele e, apregoando, disse: Amanhã, será festa ao SENHOR. 6 No dia seguinte, madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se.
Que coisa terrível fez Arão. Ele teve medo de dizer NÃO, sabendo que o SIM seria ofensivo a Deus. E isso é muito comum nos dias de hoje.
Muitas vezes, nós ficamos com medo de magoar as pessoas e acabamos sendo coniventes com os pecados que elas praticam, com os atos perversos que elas realizam.
Arão era irmão de Moisés, um homem que viu as grandes maravilhas que Deus realizou no meio de seu povo. No entanto, em vez de se manter firme, como sacerdote que ele era, e dizer NÃO ao que o povo lhe havia pedido, ele faz, exatamente, o que o povo quer.
Arão sucumbe ao desejo do povo. Esses v.2-6 mostram que ele não sabia a quem deveria agradar, aos homens ou a Deus. Imaginem a confusão que estava acontecendo na cabeça de Arão.
Porque, entre agradar a Deus ou agradar a homens, não pode haver dúvida no coração do verdadeiro crente. Sempre que quisermos agradar às pessoas, terminamos por desagradar a Deus.
Reparem que Arão faz o bezerro de ouro, mas, ao mesmo tempo, ele tenta se justificar diante de Deus, criando um caminho, como se diz, “em cima do muro”.
Claramente, Arão tenta agradar aos homens e a Deus. Como se diz, agradar a “gregos e troianos”. E sempre que isso acontece, nós desagradamos a Deus.
O v.5 mostra isso de maneira taxativa — Arão, vendo isso, — vendo o que? Que o povo adorou o bezerro que ele fez — edificou um altar — para tentar resgatar na mentalidade do povo o henoteismo... a crença de que eles poderiam adorar a vários deuses, mas que existia um Deus maior > é por isso que ele disse — Amanhã, será festa ao SENHOR.
Nesse verso, nós vemos Arão achando que o seu SIM para o povo, construindo aquele objeto de idolatria, poderia ser consertado depois, pela adoração ao Deus verdadeiro.
Ou seja, pela construção de um altar onde eles deveriam buscar o Deus vivo. No entanto, quando nós agimos assim, nós perdemos a identidade de servos de Deus e passando a idéia de um deus frouxo e sem caráter. Um deus permissivo que nos deixa fazer todas as coisas.
(ilustração) Quinta feira eu estava no super mercado, e o cidadão que estava na minha frente, começou a conversar sobre a falta de responsabilidade e seriedade do povo brasileiro... Aí, vira-se e diz — Eu passei sábado, domingo e 2ª feira no carnaval de Barra de São Miguel. Mas, na 3ª feira, eu voltei pra Maceió e fui pra missa na igreja dos Capuchinhos... (olha aí o henoteismo > um deus permissivo que nos deixa fazer todas as coisas).
Nós não podemos servir a dois senhores. Ou servimos a Deus de maneira integral e completa, ou servimos ao diabo. Mas nesse mundo em que vivemos, nós estamos sempre sofrendo pressões.
Há pressões na área política, na área social, na área moral. Nós sofremos pressões pra dizer SIM a diversos bezerros de ouro, como por exemplo, ao adultério, ao homossexualismo, à corrupção...
Ou seja, sofremos pressão para aceitar a idéia de um deus que é conivente com os nossos pecados, que não cobra nada de nós, que sempre vai entender as misérias dos pecados que praticamos.
Tem gente que chega a dizer que Deus é tão bom que nós nunca chegaremos a sofrer as conseqüências desses nossos maus comportamentos.
Todavia, os crentes têm que dizer NÃO a todas essas coisas, mas não dizem por medo das pressões. Então, as pessoas fazem dois altares > um onde as satisfações do coração são preenchidas, outro onde tentam adorar a Deus.
Em resumo, nós temos que dizer SIM para aquilo que Deus diz SIM, e dizer NÃO para aquilo que Deus diz NÃO.
Em 3º lugar – Esse texto nos ensina que, quando nos afastamos do Senhor, corremos o perigo de deixar de respeitar a Deus, mesmo sendo Deus quem ele é.
Esse é um perigo tremendo, porque corremos o risco de banalizar uma relação que deveria ser estruturada a partir do respeito e do temor.
Reparem o que diz o v.7-9 — Então, disse o SENHOR a Moisés: Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu 8 e depressa se desviou do caminho que lhe havia eu ordenado; fez para si um bezerro fundido, e o adorou, e lhe sacrificou, e diz: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. 9 Disse mais o SENHOR a Moisés: Tenho visto este povo, e eis que é povo de dura cerviz (coração).
A visão do povo estava tão obscurecida, turva, embaçada, quanto à grandeza de Deus como Senhor e Rei, como Criador do Céu e da Terra, que a analise deles estava centrada no homem. Estava centrada em Moisés, na atuação de Moisés na libertação do Egito.
É isso o que nos revela o v.1, v.7 e v.8 > Moisés, o homem que nos tirou do Egito... Reparem que Deus usa, inclusive, de ironia e diz a Moisés > porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu...
Porque é assim que o povo pensa, que foi Moisés quem os tirou do Egito. E a Palavra acrescenta > São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito.
Ou seja, não existe aqui nenhuma menção de que foi DEUS quem os tirou do Egito. Vemos aqui, portanto, um óbvio destemor e desrespeito para com Deus.
Vemos aqui o povo atribuindo a glória ao homem. Glória que deve ser atribuída unicamente ao Deus Todo Poderoso, Criador de todas as coisas. SOLI DEO GLORIA.
Ou seja, quando nos tornamos fabricantes de ídolos, esses ídolos nos mostram a quem, de fato, nós servimos. A idolatria toma de Deus o temor e o respeito que deveríamos ter pelo Senhor, porque coloca o homem como o centro de todas as coisas, faz do homem deus...
Se somos crentes, devemos temer e respeitar somente a Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. O Senhor é que deve ser o centro da nossa adoração.
Mas, infelizmente, a igreja dita cristã está, hoje, cheia de cristãos idólatras. E não pensem que idolatria se refere somente a adoração de imagens. Não!
A idolatria é qualquer ato que nos distancia da verdadeira adoração a Cristo Nosso Senhor. A idolatria é qualquer ato que coloca qualquer outra coisa como mais importante do que Deus na nossa vida.
Assim, por exemplo, o dinheiro pode ser uma idolatria para nós. E a Bíblia diz que os idólatras não herdarão o Reino do Céu... Portanto, como crentes, não podemos deixar que nada assuma importância maior na nossa vida do que Cristo.
O nosso trabalho, a nossa família, os nossos bens, as nossas amizades, enfim, nada deve ser mais importante do que Jesus Cristo na nossa vida.
Quem nos salvou, quem nos libertou do império do pecado, quem nos tirou das trevas e nos trouxe para sua maravilhosa luz, foi Deus, foi Cristo... Portanto é a Ele que devemos dedicar toda a nossa adoração.
Meditem, portanto, nos perigos que corremos quando nos afastamos de Deus. SOLI DEO GLORIA. Amém e graças a Deus.

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