sábado

Creia somente!

Marcos 5:21 em diante. A igreja acompanha a leitura que vou fazer agora. — Tendo Jesus voltado no barco, para o outro lado, afluiu para ele grande multidão; e ele estava junto do mar. 22 Eis que se chegou a ele um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, e, vendo-o, prostrou-se a seus pés 23 e insistentemente lhe suplicou: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá. 24 Jesus foi com ele.
E, agora, nós pulamos alguns versículos e passamos à leitura do v.35 em diante... Acompanhem em suas Bíblias...
35 Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre? 36 Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente. 37 Contudo, não permitiu que alguém o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João. 38 Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço, os que choravam e os que pranteavam muito. 39 Ao entrar, lhes disse: Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas dorme. 40 E riam-se dele. Tendo ele, porém, mandado sair a todos, tomou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou onde ela estava. 41 Tomando-a pela mão, disse: Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te! 42 Imediatamente, a menina se levantou e pôs-se a andar; pois tinha doze anos. Então, ficaram todos sobremaneira admirados. 43 Mas Jesus ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que dessem de comer à menina.
Reparem que o texto sofre uma interrupção na sua seqüência cronológica. Esse texto fala a respeito de um chefe de sinagoga, um homem importante, da liderança religiosa do povo, que se prostra diante de Jesus, na busca de solução para a enfermidade, certamente grave, da sua filha.
E Jesus atende ao pedido daquele homem e vai com ele. Mas, nessa caminhada, Jesus é interrompido por uma mulher, que vindo por detrás Dele, toca na orla da sua veste, na busca da cura da sua enfermidade, que já se prolongava por muito tempo (12 anos).
Era uma enfermidade que a excluía do convívio social. E Jesus dá toda a atenção a essa mulher. Aí sim, depois de curar a mulher, segue com Jairo para sua casa, e antes de chegar na casa do chefe da sinagoga, ouve a noticia de que a menina já morrera.
Mas Jesus, diz a Jairo: — Não temas, crê somente. Vamos enfrente... E, então, acontece o que acabamos de ler. Em cima desse texto, quero ser bem objetivo e falar sobre quatro realidades.
1ª realidade — A crise, seja ela qual for, é a oportunidade da fé.
Reparem na crise vivida por esse homem chamado Jairo, chefe da sinagoga. Sua filha de doze anos, gravemente enferma, ameaçada pela morte.
Nada podia ser mais dramático na vida daquele homem, do que isso. A crise de Jairo. E é na hora da crise desse homem, que a fé ganha a sua oportunidade.
Jairo, reparem no texto, era um dos principais da sinagoga. Não era, portanto, um homem qualquer. Era um homem comprometido com a liderança religiosa daquele lugar. Com uma crença definida, o judaísmo.
Uma crença a que Jesus NÃO correspondia inteiramente. Pois bem, esse homem, à luz do texto, não somente busca em Jesus uma solução de vida para sua filha, como se expõe para todas as outras pessoas daquela comunidade.
O texto diz que Jairo se aproxima e se prostra diante de Jesus. E não é uma coisa velada. Jairo não faz isso num cantinho, atrás da porta, ou na intimidade de um gabinete.
Jairo NÃO diz — Olha Jesus, eu não posso me expor, mas eu queria suplicar que tu atendas o meu pedido e salves a minha filha que está a morte. Mas procure Jesus, entender a minha situação, eu não posso me expor.
Não. Não foi assim não! Esse homem invade a multidão e chega diante de Jesus e se prostra. Ele se despoja. Ele se desnuda. Ele se compromete. Ele se arrisca. Tal era a sua crise. (E como nós temos ouvido falar em crise nos últimos tempos, hem?)
Por isso é que a crise é a oportunidade da fé. Mas dessa fé! Dessa fé, que não considera as aparências. Que não se importa com os comentários.
Que não se detém no que vão dizer. Uma fé que só busca a resposta. Uma fé que se sobrepõe as próprias convicções antigas. Cristalizadas.
Jairo era um homem sério, era um principal da sinagoga. Às vezes, a crise que tanto nos incomoda, a crise que tanto nos aflige, é a oportunidade da fé no Senhor Jesus. É essa fé...
Não uma fé escondida, tímida, camuflada. De quem não se expõe. De quem não se compromete. Mas uma fé que se desnuda. Uma fé que descobre a alma. Uma fé que escancara o ser.
É uma FÉ que não vê outra coisa, senão o poder de Deus naquele que ali está, o Senhor Jesus, o Senhor da Vida. Assim, para esse homem, principal da sinagoga, chegar a tal atitude, é porque havia nele uma sensibilidade profunda, de que nesse tal de Jesus de Nazaré, havia algo que até então ele não conhecera.
Jairo, embora fosse, certamente, um homem entendido nas escrituras, que já ouvira falar de muitos milagres... Ele compreendeu que ali estava alguém, que contradizendo todas as tradições, lhe passava esta certeza de que era capaz de tirar a sua filha do perigo da morte eminente.
Assim, lá está Jairo, prostrado, prostrado, aos pés de Jesus. Sob o olhar, certamente espantado, de muitas pessoas. Isso sem falar do olhar de censura dos que exerciam funções iguais ou superiores a dele na sinagoga.
Guarde bem isso > A crise que incomoda você, (e a crise incomoda mesmo), pode ser a oportunidade da fé. Fé nesse Jesus maravilhoso que traz a novidade de vida. Que traz um poder que não se conhece. A não ser nessa intimidade.
Eu sei do que eu estou falando irmãos. Foi na crise mais aguda. Foi na crise mais intensa, que me prostrei aos pés de Jesus.
Um Jesus de quem eu já tinha ouvido falar. Mas com o qual NÃO tinha a menor intimidade. Mas a crise era tanta, que eu estabeleci intimidade com Ele, uma intimidade que nunca imaginei poder estabelecer.
Eu me prostrei, literalmente, me prostrei. Me abri. Me desnudei. Me descobri por inteiro. Me esgarcei. Me virei do avesso. E disse: — Jesus, por favor, salva-me!
A crise é a oportunidade da fé. Essa é a 1ª lição. Mas há uma outra, eu falei em quatro. Vou falar da Segunda.
2ª lição - É que a fé uma vez exercida, na oportunidade que a crise estabelece, ela promove o exercício da paciência.
Por isso a leitura que fizemos foi interrompida na cura da mulher, que nada tinha a ver com Jairo e sua filha. E eu fico pensando no que é Jairo sentiu naquela hora.
Depois de se escancarar todo, depois de se prostrar aos pés de Jesus e depois conseguir levá-lo consigo para sua casa, nessa caminhada, que para Jairo era urgentíssima.
Depois disso tudo, Jesus simplesmente pára, e atende aquela mulher. E isso levou tempo. O que a igreja acha que Jairo sentiu? O que você sentiria numa hora dessa?
Imagine se a sua filha estivesse a morte! Se você tivesse se exposto inteiro diante do Cristo! Se ele estivesse disposto a caminhar com você, e de repente Jesus lhe dissesse: — Espera um pouquinho. Um pouquinho só, Jairo, só um instantinho que eu vou atender ali aquela mulher.
Levou tempo! Jesus teve que descobrir no meio da multidão quem o tocou e ninguém sabia. Até que ela mesma se revela. E ele fala e conversa.
O que a igreja acha que Jairo sentiu? — Jesus, por favor, vamos embora. Deixa essa mulher ai, ela já sofre há doze anos, ela pode esperar mais um dia! Mas a minha filha está morrendo.
— Jesus, será que não dá pra ir logo. Depois eu até volto com você. Posso até lhe ajudar com meus recursos. Mas vamos embora logo.
E Jesus pára. Pára e diz. — Quem me tocou? — E ninguém sabia. Até que a mulher sem saída se identifica. Fui eu! Fui eu Mestre. Perdoa-me!
— Não! Não, filha. A tua fé te salvou! Mas o que eu quero é que tu te identifiques, porque a comunhão comigo não pode ser escondida! Tem que ser como a de Jairo. Aos olhos de todos. Pública.
Saia desse teu anonimato. Deixa que te vejam, curada, para que todos aprendam contigo. E lá está o pobre do Jairo. — Mas, Jesus, vamos embora. A minha filha está morrendo!
Mas é isso mesmo, a fé impõe paciência. Porque a crise reclama solução rápida! É ou não é? Quem é que está em crise e não tem pressa?
Mas a fé diz assim: — Só um instantinho! Só um momentinho! Porque não é só você, não. Não é só você que está sofrendo, não.
Não pense que você é a vítima do mundo e da vida. A única vítima. Calma! Espera! Eu sei o tempo. Não te preocupes. Não te agites. Não te apresses. Não te desesperes. Espera!
É lindo isso! Eu sei que Jesus deve ter observado Jairo, na sua infinita sensibilidade. Jesus deve ter percebido a inquietude daquele homem.
E lá está o Senhor Jesus parando. Parece que NÃO se preocupa com coisa alguma. Se a crise é a oportunidade da fé, a fé é o exercício da paciência.
Essa é a 2ª Lição > ESPERE!
Espere! Tenha calma! Jesus parou, para atender outra desesperada. Mas não se esqueceu de Jairo. Estava em sua cabeça. Estava em seu coração divino.
Jesus tem em si toda a noção do tempo que, tantas vezes, foge ao nosso controle. E o amanhã, se transfere para o hoje. E a crise, que já é intensa, torna-se mais intensa ainda, porque ela se acumula nos dias que se juntam num só.
Por isso é que Jesus diz: — Basta ao dia, o seu mal.
Mas, existe uma terceira lição.
3ª lição - A crise é a oportunidade - diga igreja - da fé. A fé é o exercício da paciência. A paciência está aqui. Leiam, agora, comigo o v.35
— Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre?
Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: — diga a igreja agora — Não temas, crê somente.
Essa é a terceira lição. A crise é a oportunidade da fé. A fé é o exercício da paciência. E a paciência é o desafio da PERSEVERANÇA.
E Jairo ia desistir? — Jesus, minha filha já morreu, pode voltar. Não vou mais tomar o seu tempo. — Ou, então, ele podia ter pensado: — Viu só? Jesus parou para curar aquela mulher, e perdi minha filha.
Mas isso seria muito pior! Jesus, por conhecer a alma humana, imediatamente, SEM deixar que Jairo dissesse qualquer coisa, afirma:
— Jairo, não temas, crê somente! Ou seja, Persevera! Já fostes paciente. Agora persevera. Persevera diante daquilo que lhe parece uma impossibilidade.
Porque, agora, era um impossibilidade. Antes era um atraso. Agora, era um impossibilidade. A menina já morreu! — Jairo, nem fales! Ouve, apenas. Crê, somente! Continua! Vamos em frente! Persevera!
Já que você me buscou. Já que você desnudou a sua alma. Já que você se expôs. Já que você se comprometeu. Já que você se prostrou. Já que você esperou um pouco, enquanto eu curava aquela mulher. Continua. Insiste. Persevera.
Porque você não me buscou à toa. Você não fez o que fez por uma razão tola. Mas sim, porque você teve sensibilidade para perceber, quem EU SOU.
Você teve paciência até aqui! Então continua, persevera, vamos embora. Não dê ouvido a essa gente. Não que eles sejam mentirosos. A menina morreu mesmo. Mas vamos lá.
A perseverança é isso. A perseverança é a paciência diante da impossibilidade. Porque ter paciência é uma coisa. Enquanto for possível eu vou esperando.
Mas, diante da impossibilidade, a paciência tem que se transformar em perseverança. E quando for assim – aí temos a última lição.
4ª lição - A perseverança é a benção do milagre (v.41) — E Jesus tomando a menina pela mão, disse: Talitá cumi. Menina, eu te mando, levanta-te! Imediatamente a menina se levantou, e pôs-se a andar.
O Milagre parece que se tornou uma coisa tão vulgar, nos dias de hoje. Tão vulgar! Com hora marcada. Em reuniões extraordinárias. Em montagens litúrgicas sedutoras. (culto do descarrego, templo dos milagres)...
Mas nós temos um verdadeiro milagre aqui. Partindo de uma crise, que dá oportunidade à fé. Uma fé que desnuda. Que descobre. Que compromete. Uma fé que exige paciência.
É a espera que às vezes se torna numa impossibilidade. Não tem mais jeito. A menina morreu. Sua filha morreu. — Jairo! Jairo! Por mais que sejam verdadeiras as palavras dessa gente, não temas! Crê somente! Porque o impossível NÃO existe em mim. Vamos lá.
— Menina eu te mando. Levanta-te! Volta a vida! Caminha! Alegra a sua casa outra vez! Retoma o seu futuro. Volta aos seus projetos. Mesmo que isso resulte no riso das pessoas.
Reparem, vejam ai! Vejam ai, v.40. O quê que está escrito? Quando Jesus diz: — A criança não está morta, mas dorme. — O quê eles fizeram? – Riram.
Mesmo que riam de você. Esse camarada é um louco! Já não sabe que é impossível, fica ele ai a falar desse Jesus. Fica esse cabra a ir a igreja aos domingos para ouvir aquele pastor a falar dessas bobagens.
Vai pra igreja para ficar cantando hinos. — Mesmo que riam. Não temas! Creia somente! E lá sai a menina do seu quarto, e torna amarelo o riso daquela gente.
Riam! E lá vem Jesus atrás dela. Riam! Deixe que riam. Creia somente! Deus abençoe a igreja 9 de Dezembro!
Guardem essas quatro lições.
A crise é a oportunidade da fé.
A fé é o exercício da paciência.
A paciência é o desafio da perseverança.
A perseverança é a benção do milagre.
Amém!

terça-feira

Cidadão do Reino de Deus

Salmo 122, que lemos no início do culto, que certamente você já leu antes ou que, certamente, você já ouviu.
Diz assim o salmista: — Alegrei-me quando me disseram: — e a igreja responde — vamos à Casa do Senhor.
Muito bem. Esta é a primeira afirmação do texto. É uma afirmação de alegria. De quem se entusiasma com a possibilidade de estar na Casa do Senhor.
Por que o salmista se alegrava? Porque você se alegra, quando você vem à Casa do Senhor? Você já perguntou isso a você mesmo?
Qual é a sua grande motivação para vir à igreja? Qual é? Por que você vem à Casa de Senhor, e por que você se alegra tanto com isso?
Respondam! Estou ouvindo.
Por que é Cícero, que você se alegra tanto em vir a Casa de Senhor? Porque é a casa do Pai. A casa do seu pai. Para que você veio aqui?
Render graças ao Senhor. Agradecer ao Senhor. Conhecer a sua Palavra. Alimentar o seu espírito. Que mais? Agradecer as bênçãos recebidas. Os livramentos. Estar em comunhão com Deus. O que mais?
Louvar aos Senhor. Orar a Deus. Glorificar o nome do Senhor. Prestar culto. Que mais? Marcar um encontro com Deus. Que mais? Buscar a paz do Senhor.
Os irmãos acham que a alegria do salmista era por isso? Porque ninguém disse aquilo que deve ser uma das maiores motivações para estarmos aqui. Ninguém disse!
Eu até esperava que ninguém dissesse. E até se alguém dissesse ia estragar um pouco a introdução do sermão.
Uma das maiores motivações para estar aqui é encontrar o povo de Deus, neste lugar. Porque tudo isto que a igreja respondeu, independe deste lugar.
Será que eu preciso marcar um encontro com Deus aqui? Ou melhor, será que eu preciso marcar encontro com Deus. Se eu preciso marcar um encontro com Deus, eu estou dizendo que Deus NÃO está o tempo todo comigo. Não pode!
Se eu preciso vir aqui para ouvir a palavra de Deus, eu estou dizendo que a palavra de Deus depende do pregador. Como se a palavra de Deus, não fosse por si só pregada.
Eu sou o eu sou! É a prova concreta desta palavra. A minha conversão aconteceu dentro da minha casa lendo o Evangelho de João. Antes eu não sabia o que era igreja.
Se eu preciso vir aqui para cultuar o meu Deus, eu faço o quê, durante o resto do meu tempo? A grande motivação de estar aqui é encontrar o povo de Deus.
Reparem que eu estou falando de encontrar o povo de Deus! Por que? Porque tudo é a partir de Deus, porque sem Deus, não há povo de Deus.
Porque o único lugar onde temos expressão de povo é no santuário. Na minha casa, eu faço parte do povo, mas eu não estou com o povo.
No seu trabalho, na faculdade, seja lá onde for, você é povo, mas você não está com o povo. E no final de tudo, quando você não vem à igreja no Domingo, o que você sente mesmo, durante toda a semana que começa, é essa ausência do povo de Deus, ausência dos irmãos.
Porque, repare, se você me disser que: porque você não veio Domingo a igreja, você sente a ausência de Deus em sua vida; então você esta me dizendo, que Deus não está com você, o tempo todo e em todo lugar.
É ou não é? É isso! É para a igreja ficar me olhando assim mesmo, e dizendo: — Pastor, espera ai, deixa eu entender isso melhor.
É isto mesmo. Eu estou fazendo uma afirmação que não é comum. E por que estou dizendo isso? Porque é preciso definir isso muito bem.
Porque é isto que explica, muitas atitudes. É isto que explica, muitas vezes, a ausência de pessoas na comunhão da igreja. Por que você acha que as pessoas deixam de vir aos cultos?
Será que é porque elas NÃO encontraram Deus aqui? Não! Elas deixam de vir, quando elas já NÃO encontram aqui, o povo de Deus.
Quando elas NÃO encontram mais aqui, a sua identidade de cidadão do Reino de Deus. Quando este espaço deixa de ser, um território sagrado.
O que é que define uma nação? O que é que define uma nação? Diga igreja! O que é que define o povo? O que é que define o nosso país? O nosso povo brasileiro?
O que é que está sobre o povo? Território! Não há nação sem território. Pode até haver povo sem território, mas nação não. Nação tem território e o que mais? Governo, lei, constituição, é ou não é? O que mais?
Língua e idioma. Isto define um povo e uma nação. Aqui está no salmo: — Senhor! Alegrei-me quando me disseram: vamos à Casa do Senhor.
Agora, vamos ler o resto do salmo. Salmo 122 — Pararam os nossos pés junto às tuas portas, ó Jerusalém! 3 Jerusalém, que estás construída como cidade compacta, 4 para onde sobem as tribos, as tribos do SENHOR, como convém a Israel, para renderem graças ao nome do SENHOR.
Aqui está o território! As tribos viviam separadas, mas havia um espaço onde elas se reuniam. Onde elas se faziam uma só e ganhavam a identidade, fundamental, de nação.
Lá em Jerusalém, como convinham às tribos do Senhor. O prazer estava ali, na reunião das tribos. Num território particular, privativo, especial, sagrado.
Como este lugar aqui! Esta é a nossa Jerusalém. É para cá que correm todas as tribos que compõem esta igreja.
O Irmão Amadeu compõem uma tribo, ele é o cabeça da sua tribo. A irmã Neuza tem a sua tribo. Você tem a sua tribo! Viu, Gil? Você tem a sua tribo.
Mas é quando estamos aqui juntos, é que somos um povo, uma nação. É por isso que viemos ao templo. É por isso que estamos aqui. Eu venho, você vem, e nós viemos.
É isso que diz o salmista: — Alegrei-me quando me disseram: vamos à Casa do Senhor. Vamos ao nosso território! Vamos nos encontrar com todas as tribos! Vamos ter identidade de povo e de nação!
Vamos ver quão fortes somos quando nos juntamos! E é por isso, que você sente falta por toda semana, quando você NÃO vem. Porque você ficou só, isolado, solitário.
Você não recuperou a sua identidade de povo! Você não reconstruiu a sua identidade de nação! E você passa a semana na solidão.
Povo que tem território , que tem lei, lá estão os tronos de justiça.
Os tronos da casa de Davi. Lá está a lei, lá está o governo. O trono, mas que trono? De justiça.
Aqui está o trono de justiça. Nós temos esse território. Nós temos uma constituição perfeita (Bíblia), com todos os seus artigos, com todos os seus parágrafos, e não há nada que possa escapar dessa legislação.
Porque a constituição é que define a vida; uma constituição forjada pelo Senhor da justiça, sendo ele a próprio a justiça. E aqui, nesse lugar, eu sinto a justiça.
A justiça que não ouço nos noticiários, as notícias que não percebo nas novelas da TV. Aqui eu tenho justiça. A justiça de Deus, em Cristo Jesus, que me purifica de todos os pecados.
Aqui eu tenho o Cristo que morreu por mim, que venceu a morte, para que eu viva, sem cobrar coisa alguma. É justiça cheia de misericórdia. Essa justiça eu não conheço lá fora.
Se eu não vier a Casa do Senhor, se eu não me encontrar com o seu povo. Se eu não perceber o trono de justiça de Deus, se eu não me alimentar dessa misericórdia, dessa lei perfeita, a minha semana nem começou.
Somos um povo, porque temos um território. Este é o nosso território. Esse é nosso! Aqui, mandamos nós. Somos uma super potência.
Temos todos os recursos, temos todas as armas. Temos toda a economia. Não dependemos de ninguém, porque é o Senhor quem nos sustenta.
E não há pobre nem rico, branco ou preto, culto ou inculto, forte ou fraco. Somos todos parte de um povo poderoso. E temos uma língua, um idioma.
E lá diz o salmista: — Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam. 7 Reine paz dentro de teus muros e prosperidade nos teus palácios.
Essa é a nossa língua. A língua da fé, a língua que ora. A língua que sabe a quem dirigir uma súplica. A língua da esperança, de prosperidade, de futuro, de sustento.
A língua do amor, que estabelece solidariedade. Que comunica compreensão, que transfere tolerância. Eu chego a esta casa, motivado por esse encontro.
Não o encontro com o meu Deus. Porque o meu Deus está em mim e comigo o tempo todo. Eu chego a esta casa para exercitar a minha identidade de cidadão do Reino de Deus.
Saber que tenho um chão. Me lembrar que tem uma lei, que tem uma constituição, plena de justiça e de misericórdia. E que tenho uma linguagem, que só aqui ganha expressão total e completa.
Durante a semana você NÃO pode falar a mesma linguagem que fala aqui. Porque você tem que falar outros idiomas. Mas aqui você expressa um vocabulário que só o povo de Deus conhece.
O vocabulário da fé, o vocabulário que ora. O vocabulário da esperança que não teme o amanhã. Do amor que estabelece encontro, que perdoa, que tolera, que incentiva, que anima.
Eis a minha alegria quando venho aqui. A alegria de encontrar a igreja. Ver você. Uma vez eu ouvi alguém dizer que não gosta do momento em que nos abraçamos.
A pessoa disse — eu não gosto de gente que não conheço vir me abraçar. — Quem diz isso é gente que não tem alegria. Nem sabe para que veio.
Não entendeu o por quê deste espaço. Desta casa. Por isso que é bom quando, por exemplo, a irmã Graça me abraça do seu jeito. Na sua simplicidade. No exercício do seu carinho.
Imaginem se Jesus nos abraçasse porque somos cheirosos. Porque somos bondosos, porque somos solidários, porque somos carinhosos. Porque somos perfeitos, porque somos fieis.
Nós não ganharíamos um abraço dele. Jesus nos abraça do jeito que somos. É esse o abraço que eu estendo a você. Não quero saber o que você fez durante a semana.
Não quero saber se você entregou o seu dízimo ou não. Não quero saber de nada. Só quero saber que você está aqui. Só quero saber que você é povo de Deus, como eu.
Só quero saber que nós estamos juntos. E se eu precisar, vou contar com seu apoio. Só quero saber que vou contar com a sua oração.
Que vou contar com a sua mão estendida > Alegrei-me quando me disseram: vamos à Casa do Senhor. Por isso é que a igreja precisa cuidar do seu ambiente, do seu território.
E é isto que estamos fazendo. Cuidar da lei que aplica, para que seja justa, mas acima de tudo misericordiosa. De tal forma que não pese sobre ninguém.
E que essa lei tenha uma linguagem de fé, de esperança e de amor. A igreja não pode se descuidar do seu ambiente. A igreja não pode se perder nos seus confrontos pessoais.
A igreja não pode esquecer aquilo que é > Povo de Deus! Que se encontra e tem prazer no encontro, no abraço. Que tem chão próprio.
Que tem lei justa e amorosa. Que tem linguagem de fé, de esperança e de amor. Deus abençoe a você! Que faz parte da Primeirona do Tabuleiro...
Alegre-se! Venha! Não perca essa oportunidade. Ela é dominical. Mas ela é fundamental. Sem ela você perde a sua identidade de cidadão do Reino de Deus.
Com ela você faz parte de maneira viva, concreta, dinâmica, de um povo maravilhoso. Sem igual. De um povo que não anda só. De um povo que não depende de outros povos.
De um povo que tem autonomia. De um povo que tem soberania. De um povo que tem para onde ir. Povo de Deus!!!
Deus nos abençoe, abençoe a igreja, abençoe a Primeirona do Tabuleiro! Amém?

Aproxime-se! Deus Está Passando.

Mateus 7.28-29
Nada do que qualquer homem tenha dito, até hoje, em termos de discurso, ou de literatura, ou de qualquer outra manifestação artística, pode chegar aos pés do que Jesus disse no Sermão da Montanha...
O Sermão do Monte é tão importante que, Mahatma Gandhi, que nem cristão era, mas sim indu, disse que, “se todas as bibliotecas do mundo fossem destruídas, mas se sobrasse o Sermão do Monte, a humanidade não teria perdido nada”.
Quem nunca ouviu falar sobre o Sermão do Monte? Mesmo aquelas pessoas que não têm intimidade com a Bíblia Sagrada, sabem, muito bem, que, um dia, Jesus proferiu esse insuperável discurso que está registrado no Evangelho de Mateus, capítulos 5, 6 e 7.
É claro que não vamos ler agora todo esse texto. Não há tempo pra isso. Mas uma parte da Igreja já conhece e, os que ainda não conhecem devem ler o Sermão da Montanha, pela grandeza do seu texto, pela significância do seu conteúdo, pela beleza literária da sua composição.
Mas, logo depois que Jesus proferiu o Sermão do Monte, o Evangelho de Mateus, lá no final do capítulo 7... vejam lá: Evangelho de Mateus, capítulo 7, bem no seu final, versículos 28 e 29.
Mt 7.28 e 29. O evangelista diz assim — Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; 29 porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
O final do Sermão do Monte é este, e não podia ser outro. Depois de tanta beleza, depois de tantas mensagens de tão grande significado, a reação das multidões não podia ser outra.
Elas estavam maravilhadas, perplexas, extasiadas, com tudo o que haviam ouvido. Mas o texto prossegue e narra um acontecimento na vida de um leproso.
A narrativa é tão singela, que pode perder muito da sua força, porque ela vem, exatamente, logo depois do Sermão da Montanha, que por si só é impressionante.
Mas é a respeito do milagre que está registrado logo depois do Sermão do Monte que eu desejo falar à Igreja nesta noite.
Ou seja, é em Mt 8.1-3 que está o texto da nossa mensagem. Abram e confiram nas suas Bíblias. — Ora, descendo ele do monte, grandes multidões o seguiram. 2 E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. 3 E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra.
Só isso. Um incidente, aparentemente insignificante, não percebido por todos, porque estavam todos ainda sob a forte impressão do Sermão do Monte proferido há pouco, mas ali está... ali está o registro de um milagre.
A cura de um leproso. De uma pessoa que, naquela época, era desprezada, era excluída do convívio social por conta da sua enfermidade.
Mas o milagre aconteceu! Jesus, mesmo tendo sido aclamado pelas multidões; Jesus, mesmo tendo percebido como as multidões ficaram maravilhadas, é capaz de olhar e sentir compaixão por aquele pobre coitado.
Jesus não se deixou seduzir pelo louvor das multidões, como, tantas vezes, acontece conosco. Nós somos, às vezes, tão honrados, que não percebemos os desesperos à nossa volta.
Não é assim? E o pastor, principalmente, precisa tomar muito cuidado com isso! Ou seja, nas homenagens que recebemos, não podemos perder a sensibilidade para as pessoas que estão à nossa volta e que, às vezes, desejam a nossa atenção.
Mas Jesus não se descuidou disso. Não se deixou seduzir pela aclamação popular e curou aquele leproso.
Mas há uma palavra, nos versículos que lemos, que define esse milagre. Reparem — Descendo Jesus do monte, grandes multidões o seguiram e eis que um leproso, tendo se aproximado...
Esta é a palavra, ou são as palavras. Esta aproximação, este chegar perto, este ficar ao alcance, foi isso o que permitiu a Jesus fazer o milagre.
É isso que nos permite entender e nos permite receber, com intensidade, a misericórdia do Senhor. É na medida em que nos aproximamos de Jesus.
Porque, reparem bem, as multidões estavam seguindo Jesus. Isso significa dizer que havia uma distância entre as multidões e o Senhor Jesus Cristo.
A multidão não estava tão perto. A multidão apenas o seguia. Eles viam Jesus adiante, uns mais próximos e outros mais distantes, porque era muita gente.
Mas todos guardavam uma certa distância de Jesus, para que ele pudesse caminhar na frente de todos.
Se você ler com atenção o Sermão do Monte, ao final, você vai estar também do mesmo jeito: Maravilhado. Porque o Sermão do Monte é de uma profundidade sem igual, é de uma excelência extraordinária, é de uma beleza literária incomparável, e é isso o que fica nas pessoas que lêem:
— Uma completa disposição de se exaltar. De se maravilhar e, a uma certa distância, as pessoas se maravilham com a doutrina de Jesus, mesmo que não O conheçam bem.
Mas quem pode ficar indiferente às palavras de Jesus — Por que você anda ansioso pelo que você tem que comer e vestir? Por que? Não é a vida mais do que o alimento?
Não é o corpo mais do que a veste? Ora! Reparem as aves do céu. Não semeiam, não ajuntam em celeiros; contudo, o seu Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais do que as aves? Ah! Observai os lírios do campo. Não trabalham, não tecem, não fiam. Mas eu digo que, nem o Rei Salomão, em todo o esplendor da sua glória, vestiu-se como um lírio. Ah, mas se Deus alimenta as aves do céu, veste a erva do campo dessa forma, que hoje existe e amanhã é queimada, não alimentará e vestirá a vós, que sois seus filhos?
Como você pode ouvir uma palavra dessa e ficar indiferente? Não! Você fica é maravilhado como a multidão, mesmo à distância.
Mas, se à distância, alguém pode se maravilhar da doutrina de Jesus, aproximando-se, como fez o leproso, chegando perto, mais do que se maravilhar da doutrina, a pessoa se rende aos pés do Senhor.
Diz o texto: “... aproximando-se, adorou Jesus”. No evangelho de Marcos diz que ele se pôs de joelho, e no de Lucas, que ele se prostrou com o rosto em terra.
Ou seja, esta é a atitude de quem cultua, de quem adora. É de perto que reconhecemos e que podemos nos render à divindade do Senhor.
Enquanto você não reconhecer e não se render à divindade de Jesus, por mais que você se maravilhe da sua palavra, você ainda estará à distância.
E, assim, o milagre não acontece. Você pode até perguntar: — Mas como é que eu posso me aproximar de Jesus que não está mais entre nós, fisicamente, para entender e reconhecer a sua divindade?
Ele está sim! Muito mais perto do que você imagina. Jesus está na Igreja, no seu corpo místico, do qual ele mesmo é o cabeça. E é aproximando-se da Igreja que você se aproxima do próprio Senhor Jesus.
É na comunhão do Culto aqui na Igreja que você pode reconhecer e se render à divindade do Senhor.
Sem comunhão, sem exercício do culto, sem a celebração dos sacramentos, não há milagre. Por quê? Porque não há proximidade. A Igreja está aqui pra isso.
Para que você se aproxime do próprio Cristo. Entendeu? Portanto, não pergunte mais: — Mas, pastor, onde está Jesus, para que eu possa chegar tão perto?
Ele está aqui, no meio do seu povo, na sua Igreja constituída, na comunhão dos seus filhos, na celebração litúrgica do culto, na ministração dos sacramentos.
Venha! Venha à Igreja! Venha Primeirona. Esteja conosco e você não apenas vai se maravilhar da doutrina de Jesus, mas você vai se render à sua divindade. E vai fazer como o leproso, que se aproximou e disse, em adoração, prostrado:
— Senhor — essa foi a palavra que ele usou. Palavra reservada à divindade. Não o chamou de Rabi ou de Mestre, mas o chamou de Senhor.
Então, à distância, longe, você pode se maravilhar com a doutrina de Jesus, mas, de perto, você vai se render à sua divindade, e o milagre então acontece.
Mas, tem outra coisa: A multidão que ia a uma certa distância de Jesus, diferentemente do leproso, que se aproximou, podia sentir o poder de Jesus, porque esse poder é visível, é reconhecido pelo mundo inteiro.
Como não sentir o poder do Senhor? É por isso que o texto diz: — Elas estavam maravilhadas da sua doutrina, porque ele as ensinava como quem tem autoridade e, não, como os escribas.
Havia algo de diferente que emanava do homem de Nazaré. À distância, podemos perceber o poder de Jesus, mas o texto diz que o leproso, aproximando-se, prostrando-se, adorando, disse:
— Senhor, se quiseres, podes purificar-me.
Não é assim que está escrito? Esse poder se sente à distância, mas, de perto, o leproso queria descobrir outra coisa > O querer de Jesus. “Se quiseres, podes”.
E pode mesmo! Quero saber, se queres. E é isso que falta a muita gente. Descobrir o querer de Jesus.
Mais do que descobrir o seu poder, porque o poder Dele é inquestionável, é testemunhado pela própria história e pelo tempo.
Mas o querer de Jesus nós só descobrimos na proximidade, porque Jesus diz assim, bem próximo do leproso: — Quero! Quero sim! É isso que queres saber? Eu quero! Fica limpo!
E você pode perguntar — Mas, pastor, como é que eu posso chegar tão perto de Jesus para descobrir o seu querer?
Aqui, oh! (mostrando a Bíblia). Todo o querer de Jesus para nós está aqui, oh! A divindade você descobre na comunhão do Culto.
Mas, o querer de Jesus você descobre na leitura da Palavra. Aqui está o querer de Jesus para você. Não precisa que ninguém lhe diga, basta que você leia. E tudo se resume num só desejo divino: — Que você tenha vida e vida em abundância.
A vontade e o querer de Jesus NÃO É a Igreja que define, mas é a Palavra do Senhor que estabelece. Porque, às vezes, a Igreja pretende definir o querer de Jesus.
E, aí, entende mal o querer de Jesus, e impõe o querer da própria Igreja, oprimindo as pessoas, sobrecarregando os que têm fé, e espantando os que não têm, com suas imposições descabidas e suas regras sem consistência.
O querer de Jesus está aqui, oh! (mostrando a Bíblia). Descubra você mesmo. Aqui está o Senhor Jesus. Aproxime-se, leia, e você vai descobrir o que o leproso descobriu.
Não o poder que ele sentiu à distância, mas o querer que ele descobriu tão perto. “Quero!” É isso que o Senhor Jesus quer dizer a você com sua palavra:
— Eu quero que você tenha vida, e vida abundante. Vida significativa.
Coisa maravilhosa! E mais... À distância, você há de se maravilhar da doutrina, mas, de perto, você há de se render à divindade do Senhor.
À distância, você pode ouvir a sua voz, como as multidões ouviram, tanto que estavam maravilhadas da sua doutrina. À distância, todos andam ouvindo a voz de Jesus, na pregação do evangelho, hoje tão difundida no rádio e na TV.
Mas, é estando perto que você experimenta o seu toque. Aproximando-se, o leproso, perguntou: — Senhor, queres curar-me, porque eu sei que podes.
E Jesus disse: “Quero!” É o que diz o texto! “E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe o corpo”, porque o homem estava bem perto, ao alcance da mão de Jesus.
Ou seja, aquele leproso se colocou ao alcance de Jesus. Não que Deus não possa alcançar a qualquer distância, mas é assim que deve ser, para o nosso bem: > Temos que nos aproximar de Jesus.
“E, estendendo a mão, tocou-lhe o corpo enfermo”. Tocou-lhe o corpo cheio de feridas, o corpo asqueroso, o corpo nojento, tomado pela lepra que o excluía de tudo e de todos.
É esse o Senhor Jesus que, aclamado pelas multidões, foi sensível à dor daquele homem e, mais do que isto, estendeu a Sua santa mão e tocou as feridas daquela carne leprosa.
Isso para surpresa de todos e muito mais do próprio leproso, de quem ninguém se aproximava. É lindo isso!
Como Jesus é capaz de se sobrepor a todas as nossas contradições, a todos os nossos preconceitos...
Não somos assim? Você encosta em todo mundo? Encosta? E tem tanta gente carente de um abraço, carente de uma mão que se estenda e toque.
Já ouvi reclamações assim. — Pastor, eu não fui nem abraçado. — E você abraça todo mundo? Confesse! Todo mundo estimula o seu abraço?
É difícil, não é? Tem gente até que nem disfarça isso. Mas Jesus, não! Aquele homem, ferido, nojento, é a esse homem que Jesus, sensível, estende a mão e nele pousa a sua graça, recuperando-lhe a saúde.
Maravilha! Esse toque de Jesus que não exclui ninguém, que não discrimina, sem reservas, é o toque que senti a tantos anos atrás, quando me aproximei do Senhor pela leitura da Palavra.
Você já se sentiu assim? E veio o Senhor e me tocou. E veio o Senhor e tocou no Diácono João e disse: — Levanta, João. Fica curado!
E você pode perguntar: — Mas, pastor, como é que eu faço para chegar perto de Jesus a ponto de experimentar o seu toque?
É na prece, é na oração, é na comunhão mais profunda do seu ser com o Espírito de Deus. É assim que você sente a mão poderosa de Jesus alcançando a sua alma.
A sua alma que, às vezes, está cheia de feridas e leprosa do pecado. São três coisas: — 1. O Culto, na comunhão do povo de Deus. 2. A leitura da Palavra; e 3. O exercício da Oração.
Se você fizer isso, você estará pertinho de Jesus, e o milagre há de acontecer, seja ele qual for. Aproxime-se. Deus está passando, aclamado pela história, pelo mundo, por tudo aquilo que disse e fez, mas Ele está sensível à sua dor.
Sensível ao seu clamor, querendo dizer a você: — “Eu sou o Deus todo poderoso, curve-se em adoração. Confesse-me aos homens. Eu sou o Senhor!
E, aí, você descobrirá o querer de Jesus, e mais, você experimentará o seu toque curativo. Deus abençoe a Igreja, neste domingo maravilhoso, de tantas bênçãos, de tantas alegrias.
Que o milagre aconteça na sua vida.
Amém!

sexta-feira

Aprendendo à luz da Palavra

Mateus 26:26-30
Aqui está a mesa da Santa Ceia. A Santa Ceia é uma cerimônia que, para os olhos de uma pessoa incrédula, para as almas insensíveis, e para as inteligências ainda distantes da plena compreensão do seu significado parece um evento monótono, cansativo e sem graça.
Mas reparem bem! Para olhos incrédulos, para almas insensíveis, e para inteligências distantes do pleno significado de tudo isso, pode ser que seja uma cerimônia monótona, cansativa e sem graça.
Eu digo isso, porque foi assim comigo também. Quantas vezes, em outros ambientes religiosos, participei ou acompanhei a celebração da Eucaristia, não necessariamente nos moldes do nosso ambiente protestante e reformado.
E naquele tempo parecia mesmo muito cansativo. Eu não sabia nada daquilo. Eu não cria naquilo! Mas a Santa Ceia, aos olhos da fé, para as almas crentes, e para as inteligências que compreendem o seu significado, é exatamente o contrário.
É uma cerimônia extremamente dinâmica, extremamente movimentada. Não no caminhar dos presbíteros que servem os elementos da Ceia à igreja.
Não na condução do oficio Eucarístico pelo pastor. Não! A dinâmica da Santa Ceia está muito acima de tudo isso.
Vamos ficar de pé e abrir a Bíblia no Evangelho de Mateus no capitulo 26, e acompanhar a leitura que faço a partir do verso 26 também.
Mt 26.26 diz assim: — Enquanto comiam ( quem comiam? > Jesus e seus doze discípulos) tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu a seus discípulos, dizendo: tomai, comei; isto é o meu corpo.
Vamos, por enquanto, ler apenas o v.26. Deixe sua bíblia aberta onde está, depois nós voltaremos ao texto. Reparem irmãos, isso é a igreja que vai responder agora. No v.26 que acabamos de ler, quantos tempos verbais você identifica? Quantos verbos você encontra nesse versículo?
Nove. Vamos conferir > Comiam, tomou, abençoando-o, partiu, deu, dizendo, tomai, comei, é. Nove.
E o que, na frase, representa o verbo? Representa AÇÃO! É ou não é! Então, num versículo, e eu não li todo texto que fala da Santa Ceia, só neste v.26 você encontra nove verbos.
Reparem quanta ação, quanta dinâmica existe na Santa Ceia. E nem lemos os outros versos! O que eu quero dizer é que a Santa Ceia, a princípio, pode parecer, para algumas pessoas, que já especifiquei, algo cansativo, monótono, sem graça.
Tem gente que até dorme durante a celebração da Santa Ceia. É verdade! Porque parece algo assim, algo sonolento.
Existem igrejas até, e isso ainda hoje, que colocam os presbíteros todos de preto. Na Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro é assim.
É uma tradição antiga que ainda é mantida em algumas igrejas presbiterianas. Os presbíteros vão todos de preto, aí fica mais sonolento ainda.
Aí, se você ficar olhando o tempo todo para os presbíteros, todos de preto e os pastores de toga preta, e olhando para mesa, dá sono mesmo!
A não ser que você perceba aquilo que o texto ensina, que a Santa Ceia é um tempo de muita ação, de muita dinâmica Divina. E tudo isso é atribuído a Jesus!
A não ser o fato de que foi no contexto da refeição de todos eles. E é isso que nos precisamos ver na mesa eucarística > Não apenas uma solenidade, uma cerimônia que se repete sempre todos os meses, e que talvez nos traga a lembrança do sacrifício de Jesus.
Mas será apenas isso? Não! A Santa Ceia, para a teologia presbiteriana, não é um simples memorial. Não é apenas uma memória de museu, uma memória estática.
Você já foi a um museu? A Lysia é diretora do Museu Teo Brandão. E você vai lá e fica olhando quadros, esculturas, objetos do folclore, seja lá o que for. E aquilo é absolutamente estático.
Se você for a um museu de História Natural, você fica sabendo que o dinossauro podia ter sido daquela forma que está ali.
Lá no museu Imperial, em Petrópolis, você vê que Dom Pedro II usou uma certa coroa, mas a coroa não se mexe, o fóssil do dinossauro fica imóvel. Essa é a memória de museu.
Mas a memória da Santa Ceia, a memória eucarística, é uma memória dinâmica! É a memória da ação de Deus a nosso favor. E é assim que funciona o tempo todo, não apenas na celebração da Eucaristia.
A celebração eucarística é a renovação desta verdade, é a atualização deste ensino em nós. Mas a Eucaristia acontece o tempo todo, porque nós e a nossa vida, somos o maior dos sacramentos.
Às vezes, a nossa vida, aos nossos próprios olhos — olhos que muitas vezes se tornam incrédulos — a nossa própria alma, que às vezes se torna insensível, a nossa própria inteligência, que às vezes, perde o significado que deve ter, na eucaristia diária, se faz monótona, cansativa e dá sono.
E tem gente vivendo assim, com sono! Porque a vida se tornou assim para essas pessoas.
Ah, mas se aprendermos hoje, à luz da Palavra, na celebração da Santa Ceia, que existe uma enorme movimentação. Que há uma grande dinâmica divina na eucaristia! Ai, SIM, faremos de nossa vida uma eucaristia dinâmica.
Mas onde está a dinâmica Divina, na Santa Ceia, e que está em nossa vida diária? Está aí, no contexto da refeição! No contexto da mesa que nos oferece o alimento, portanto num contexto comum, absolutamente comum.
No contexto diário da nossa vida. Não havia novidade naquela ceia de Jesus e dos discípulos, ainda que eles estivesse celebrando a páscoa judaica.
A mesa era a mesma mesa. A mesa da refeição, uma realidade absolutamente deles, dos discípulos. Não era o momento de uma grande solenidade, de uma grande festa.
Era o momento da mesa. Portanto, nesse momento diário, comum, repetitivo, é que chega a novidade. Jesus toma o pão diário, o pão comum, o abençoa e faz do pão o seu corpo.
Jesus muda, não a natureza do pão, que permaneceu pão, mas muda o seu significado. Altera o seu sentido. Daqui para frente este pão, sob a minha benção, não é mais um simples pão!
Esse pão se torna meio da Graça! Portanto, estenda a sua mão e coma. Como se você estivesse comendo a minha própria carne, ainda que o gosto lhe pareça e é o gosto do pão.
Que coisa maravilhosa! Assim será a vida! Muitas vezes, a vida se tornará tão repetitiva que se fará monótona e sem graça. Mas, nessa hora, lembre-se da Santa Ceia.
Porque é no contexto da sua vida diária, que Eu tomo aquilo que é tão comum, e tão sem graça, e abençoou e devolvo a meus discípulos pleno de novo sentido.
Pleno de novo significado. Pleno de bênçãos. E, agora SIM, a vida ganha expressão, porque ela se faz corpo de Cristo.
Portanto, se é assim como posso dormir durante a vida? Como posso ficar insensível a vida que se desenvolve, em mim?!
Como posso perder a noção da novidade que Deus implanta em minha vida. A cada dia! Novidade de vida que vou deixando de perceber, porque minha visão Eucarística se desfaz e some de mim.
E não existe memória. É tão comum. Por exemplo, não há nada mais repetido do que acordar todo dia, é ou não é?
Mas se você parar para pensar que você podia NÃO ter acordado, o acordar ganha um novo significado. Acordei! Estou vivo! Meu Deus! Ainda existe uma oportunidade, ainda dá tempo!
Há uma oportunidade de mudar tudo, de fazer alguma coisa nova! Deus abençoou a minha vida, enquanto eu dormia! Tomou a minha vida em suas mãos, abençoou, e me disse: Vive!
E eu acordei! Aí a vida é o que há de ser, um grande sacramento! Lembrem-se disso! Você que anda acordando todo dia e já acorda zangado, mal-dizendo, reclamando, cheio de dor, murmurando. Lastimando o fato de ter que ir trabalhar.
Será que você não percebeu? O dia anterior passou, você sobreviveu a todas as coisas. Você pôde dormir, na sua casa, num quarto quentinho e confortável.
E melhor ainda, você despertou, enquanto muitos já estão sepultados. Acorde assim! Acorde com a visão da Eucaristia que a mesa do Senhor ensina.
Porque, enquanto eles comiam, algo absolutamente comum na vida deles, Jesus tomou o pão, que também era o pão diário. Não havia novidade alguma naquilo!
Jesus tomou o pão e abençoou o pão! Ah! Aí mudou tudo! Coma! Coma! Isso é o Meu corpo que é dado por vocês. Não é mais o pão que vocês têm comido. É o pão Eucarístico.
Toma! E faça isso em memória dinâmica de mim. Não fique a olhar o pão e o vinho, nessa contemplação estática de um Cristo crucificado. Preso no madeiro.
Oh! Lá está o Senhor Jesus Cristo, exangue, quebrado, sofrido. Não! Porque isso é memória estática. Olhe para o Cristo da Santa Ceia, além da morte! Vivo!
Olhe para Jesus e veja o Cristo que lhe oferece vida e vida em abundância. Aprenda isso hoje! Leia só o v.26, os outros vocês já conhecem.
Conte de novo os verbos desse verso 26. Nove, apenas em um versículo. Quanta ação! Quanta dinâmica! Quanta benção! Quanta oportunidade! Quanta misericórdia! Quanto milagre!
E faça da vida um sacramento diário permanente, porque tudo que lhe tem sido absolutamente comum, repetido, não é monótono nas mãos do Senhor Jesus.
Se a vida lhe parece isso, convide o Senhor! Diga — Senhor Jesus, assente-se aqui comigo! Enquanto eu vou comendo, faz o milagre eucarístico.
Toma o que é meu, que já me cansa, e transforma em teu corpo, redivivo e eterno. E me faz viver, Senhor, eucaristicamente.
Deus abençoe você! Deus abençoe a Primeirona! E participe assim da Santa Ceia.
Reparem que, desse ponto de vista, ela não lhe dá sono. Reparem que o andar dos presbíteros, que tem que ser lento, não cansa a sua paciência.
Lembrem-se que — Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu a seus discípulos, dizendo: tomai, comei; isto é o meu corpo.
Deus nos abençoe! Amém!?

quarta-feira

Ainda há algum recurso

João 6.1–15 —
Evangelho de João, capítulo seis, que nos fala da multiplicação de pães e peixes. Historia muito conhecida, não só pela igreja, mas por muita gente. Porque é um acontecimento que se conhece por outros meios, não só através da bíblia, mas através da TV e do cinema. Agora, é um acontecimento que realmente impressiona. Vamos ler então.
João 6.1-15 — Depois destas coisas, atravessou Jesus o mar da Galiléia, que é o de Tiberíades. 2 Seguia-o numerosa multidão, porque tinham visto os sinais que ele fazia na cura dos enfermos. 3 Então, subiu Jesus ao monte e assentou-se ali com os seus discípulos. 4 Ora, a Páscoa, festa dos judeus, estava próxima. 5 Então, Jesus, erguendo os olhos e vendo que grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pães para lhes dar a comer? 6 Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que estava para fazer. 7 Respondeu-lhe Filipe: Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço. 8 Um de seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, informou a Jesus: 9 Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas o que é isto para tanta gente? 10 Disse Jesus: Fazei o povo assentar-se; pois havia naquele lugar muita relva. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil. 11 Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre eles; e também igualmente os peixes, quanto queriam. 12 E, quando já estavam fartos, disse Jesus aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca. 13 Assim, pois, o fizeram e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobraram aos que haviam comido. 14 Vendo, pois, os homens o sinal que Jesus fizera, disseram: Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo. 15 Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte.
Está ai! O texto fala por si mesmo. O texto é bastante claro, e nos coloca dentro do acontecimento. Porque nos mostra a beleza do milagre de Jesus, mas também nos revela lições preciosas que nos servem até os dias de hoje.
Porque todo registro sagrado tem um objetivo último, que é o de trazer à nossa consideração aquilo que nos serve agora. Não apenas uma simples lembrança do que se passou, mas as aplicações para as nossas vidas, hoje.
Reparem. Uma grande multidão, cerca de cinco mil homens, além das mulheres e das crianças. Era muita gente!
Num lugar deserto, afastado dos povoados, porque foi um lugar, que Jesus escolheu para descansar um pouco. Portanto, um lugar retirado.
O dia já estava no fim, a noite vinha chegando, e Jesus percebeu que aquela gente que estava com ele há tanto tempo, certamente já devia estar com fome.
O senhor percebeu, também, que se despedisse aquela multidão como estava, não daria tempo para chegarem às suas casas. Entretanto, não havia condições de se alimentarem antes do regresso.
Era uma situação de emergência, e Cristo, sensível a tudo isto, aproveita o incidente para realizar um milagre e para nos ensinar lições importantíssimas.
Assim, Jesus diz a Filipe — Filipe, onde compraremos pães para lhes dar a comer? — E Filipe responde — Não lhes bastaria duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço.
Reparem como é interessante a atitude de Filipe, diante da pergunta de Jesus — Onde compraremos pães para lhes dar de comer?
Não que Jesus precisasse da resposta. Até o próprio texto diz que Jesus perguntou isso para experimentar Filipe, porque Ele já sabia muito bem o que estava para fazer.
Ou seja, a pergunta é para provocar em Filipe uma atitude. E a atitude está posta aqui. Respondeu-lhe Filipe — Não bastaria a essa gente duzentos denários de pão para receber cada um o seu pedaço.
Não era pouco dinheiro, não. Aqui está um homem como tantos outros. Aqui está um homem comum. Aqui está um homem que se encontra em qualquer lugar. Aqui está um homem que faz contas.
Prontinho, fez as contas na hora! Calculou tudo, olhou a multidão, pensou no preço > duzentos denários não bastariam.
A visão de Filipe é uma visão objetiva, é uma visão da realidade fria. É a visão de qualquer pessoa comum. Se Jesus lhe fizesse esta pergunta, você não responderia muito diferente disto, não.
Porque é assim que, normalmente, a gente responde a esse tipo de pergunta. Onde compraremos pães para toda essa gente?
Essa pergunta se repete em nosso dia-a-dia. Não necessariamente, na necessidade do pão, mas nas diferentes necessidades da nossa vida.
A vida que é um dom de Deus, a vida que Deus sustenta, nos faz essa pergunta em nome de Jesus! Onde? Onde encontraremos pão?
Como alimentaremos a multidão? Onde está o recurso? Onde obteremos o sustento? Onde descobriremos aquilo que esperamos?
Está é a pergunta que prevalece o tempo todo, em todos nós. Esta é a pergunta que se repete, no nosso dia-a-dia. Por isso é que Jesus faz a pergunta.
Reparem que Jesus pergunta, mas sabendo muito bem o que estava para fazer. O Senhor Jesus não estava interessado em saber onde e como comprar o pão. Onde? Com que dinheiro?
Não, Jesus não estava interessado nisto, não. Estava interessado na resposta de Filipe. Porque a resposta de Filipe é, quase sempre, a resposta de cada um de nós.
Porque quando surgem as necessidades, quando surgem os imprevistos, quando surgem as emergências, a pergunta se impõe. — Onde? Onde vamos arrumar recursos?
E as contas são feitas! Fazemos as contas. Não necessariamente as contas que vão pagar o pão. Não! Mas as contas que precisamos para responder aos compromissos da própria vida.
As nossas contas resultam nas contas de Filipe. Não nos bastariam duzentos denários de pão para receber cada um o seu pedaço.
Não tem jeito. Não tem dinheiro. Porque duzentos denários, que era uma grande quantia, não seria suficiente.
É assim que respondemos a esse tipo de pergunta. Pergunta que é feita, freqüentemente, não pelas pessoas, mas pela própria vida.
E é pela vida que a pergunta de Jesus se renova. — Filipe, o que é que vamos fazer? Está ai a multidão, mais de cinco mil pessoas. Estamos aqui, num lugar distante dos recursos. A noite já chegou. E agora Filipe! Como é que vamos resolver essa questão?
Não é isso que a vida pergunta a você, tantas vezes. Quando cai a noite. Quando cai a noite é a hora do silêncio. É a hora da solidão.
É a hora em que cada um se encontra consigo mesmo, na sua intimidade. Aí, essa pergunta vem forte. Onde? Onde conseguiremos os recursos?
E qual é a resposta que surge? É quase sempre a resposta de Filipe. — Ah! Nem duzentos denários. Nem mil reais. Nem cinco mil reais resolve.
Onde? Cadê os recursos, pergunta a irmã Neuza e a sua família! Onde, Senhor, comprar esses pães? Como comprar os remédios? Onde estão os recursos para tanta necessidade? Onde?
E fazemos as contas, esticamos aqui, encolhemos ali. Não tem jeito. E é assim que tanta gente vive a responder esta pergunta, que insiste em cada um.
Mas, hoje ou amanhã, você terá que responder a esta pergunta. Onde compraremos os pães? Mas não pense em pães. Pense em tantas outras coisas que fazem parte das nossas necessidades.
O lugar é deserto. O lugar é afastado. Os recursos estão distantes. Não há dinheiro suficiente.
A pergunta de Jesus parece uma pergunta má. Quem não raciocinar direito pode até pensar isso > Esse Senhor Jesus é muito mau. Que pergunta maluca. Ele sabe muito bem que é impossível alimentar tanta gente.
Mas é isto mesmo. A pergunta de Jesus é a pergunta da vida, que, às vezes, é má sim. É má sim. Quantas vezes a vida se apresenta a nós dessa forma? Cruel. Impiedosa. É ou não é?
— Pastor, não sei o que faço. Nem duzentos denários resolve, nem sei onde comprar. Tá muito difícil, tá muito difícil. Tenho que pagar a prestação do fogão e não tenho dinheiro!
Puxa vida! Eu não pensei que chegasse a tanto. E como é que eu resolvo isto. Já fiz as contas, nem duzentos denários! Nem toda a minha inteligência, nem toda a minha cultura , nem toda a minha competência. Nada disso adianta, pastor!
Aí está a pergunta. Aí está a resposta. A resposta de Filipe é a resposta de muita gente. É a resposta do ser humano comum.
Mas agora, repare no v.8. — Um dos discípulos de Jesus chamado André, irmão de Simão Pedro, informou a Jesus: Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas o que é isto para tanta gente?
Muito interessante! Se a pergunta de Jesus parece revelar um Senhor mau, que provoca e incentiva a dificuldade, a palavra de André nos parece mostrar um homem tolo.
Diante daquilo. Mais de cinco mil pessoas. Jesus querendo saber como alimentar. Onde comprar. Filipe dizendo que não tem jeito. Nem uma quantia tão grande.
Então, vem esse tal André dizer isso a Cristo — Mas, Senhor, tem um rapaz aí com cinco pães e dois peixinhos. — E acrescenta — O que é isso para tanta gente?
Então pra quê que disse? Pra quê disse isso, se ele mesmo reconhece que isto é nada para tanta gente. Por que disse?
Era o caso de alguém lhe dizer — Ô André, não era melhor você ter ficado calado! Porque pra você vir dizer isto, era melhor você não dizer nada.
Agora, por que André disse isto? Ah! Porque, agora, não é o homem comum que falou. O homem das contas negou a possibilidade de uma solução. Contas que não resolvem.
Mas, agora, é o homem da fé que fala. Ele se lembrou de tudo. Ele se lembrou do que Jesus já fizera. E disse, lá dentro de sua alma: — Senhor, eu sei que é muito pouco, mas olha aqui, tem ali, cinco pães e dois peixinhos.
Ah! Nessa atitude de André, encontramos essa fé, que estava ali, percebendo a impossibilidade do momento, mas enxergando, o poder do seu mestre. Poder que ele já testemunhara.
Ah! Esse é o homem incomum. Esse é o homem crente. Esse é o cara! A pessoa crente não é uma pessoa que se exclui da vida.
A pessoa crente não é uma pessoa que censura as outras. A pessoa crente não é uma pessoa que julga as outras pessoas. O homem crente é o homem que vê possibilidade onde não existe.
— Ah! Senhor, não pense que sou um tolo, porque sei muito bem de que isto nada vale, mas tem aqui, ó, cinco pães e dois peixinhos. E eu sei do que Tu és capaz.
— A palavra de Filipe não me bastou. Está bem, ele está correto. É impossível. Não há recursos. Não há tempo. Mas eu já te vi, Senhor, fazendo grandes sinais. E eu sei que há uma chance aqui. Ainda há alguma possibilidade aqui.
É possível porque Tu estás aqui, Senhor. A multidão te espera. Ainda há algum recurso. Então, é possível. É possível. Toma, Senhor!
Ai Jesus diz — É isso mesmo, André. Era isso o que eu queria ouvir. Filipe disse o que se espera de todos. Mas o que quero é essa atitude de fé.
Sem cálculos, sem medições, sem matemática. Uma visão de quem enxerga a possibilidade. Vem cá, André, junta-te aos discípulos. Pegue estes pães e esses peixes, que passo a abençoar, e alimenta esta gente.
Mas pode ter parecido aos discípulos uma absoluta loucura, e fica muita gente pensando: — Como é que foi isso? Jesus pegou ali, num passe de mágica, e apareceu um monte de pão. Será que foi cada pedaço que cada um recebia que se transformava em um pão?
Não entendo! Não interessa! Não se perca nisso! Como foi? Eu não quero nem saber!
O que eu quero saber é que as cinco mil pessoas, ou mais, foram alimentadas. E além disto, recolheram doze cestos dos pedaços que sobraram.
Porque milagre é assim! Não queira explicar o milagre! Creia nele. Deixe que ele se realize na sua vida. Creia na soberania do Senhor, porque Ele faz do jeito que ele quer.
Mas que haja fé! Quando a pergunta surgir, e surgirá! — Onde compraremos pães para tanta gente? — A pergunta surgirá em você, em sua vida! Como? Como, Senhor?
A vida há de lhe perguntar isso. Como? Fiz as contas e não tem jeito. Nem se eu tivesse duzentos denários.
Nessa hora, faça como André. — Olha Senhor, Filipe está certo. Eu não posso discordar dele, mas que contas são estas. Porque tem uma coisa, Senhor, que tal aqui cinco pães e dois peixinhos.
Jesus dirá — É o bastante. É o bastante! Traga! Traga seus cinco pães e dois peixinhos. E ai deixe comigo.
Isto é milagre! Milagre é aquilo que os cálculos declaram inviável, impossível. Portanto, quando nós tomamos decisões administrativas na igreja, nenhuma delas se baseia em cálculos. Porque não nos bastariam duzentos denários. Ainda que pareça muito.
Mas temos aqui, Senhor, cinco pães e dois peixinhos. Temos aqui uma comunidade. Temos aqui um povo que se multiplica nas tuas mãos. Toma aqui, Deus! Toma aqui, Senhor, o nosso pouco! Porque é contigo que contamos.
A noite chegou, mas ainda não se fizeram as trevas. O povo é grande, mas Tu estás presente. Tu és o Senhor e continuas conosco! Estás aqui! Não leves em conta a nossa pobreza, Senhor Jesus.
São cinco pães e dois peixinhos, para mais de cinco mil. Mas é o que temos, e para nós é o que serve. Nas tuas mãos, Senhor, hão de se multiplicar de maneira extraordinária!
É assim que vive o povo de Deus > Como André. Como Filipe, vive este mundo, sem resposta. — Onde compraremos? Ah! Senhor, nem duzentos denários seriam suficientes.
Mas o povo de Deus não é assim. O povo de Deus é um povo que pega o que tem e diz: Senhor, só temos isto. Tá bom?
E o senhor responde à nossa súplica — Tá bom! Deixe comigo.
Deus abençoe a igreja! Amém!

domingo

Afastamento de Deus

Êxodo 32 – Esse texto é um texto que fala a respeito da idolatria de Israel, quando eles saíram do Egito. Esse texto fala do bezerro de ouro que eles fizeram para adorar.
Possivelmente, muitos aqui já ouviram mensagens baseadas nesse texto, falando qual é o bezerro de ouro da sua vida e coisas desse tipo.
Eu não pretendo tratar a respeito disso, porque Deus colocou no meu coração falar uma outra coisa com a amada igreja nesta noite.
Naturalmente também, a mensagem dessa noite NÃO será algo inédito, algo novo, porque não existe nada de novo debaixo do sol.
Sempre que a gente pensa que irá falar algo que nunca foi dito antes, depois a gente descobre que muitas pessoas falaram a respeito daquele assunto.
No entanto, vamos, nesta noite, meditar a respeito desse texto, sobre algumas coisas que chamaram a minha atenção, quando eu o li nestes dias de feriado.
Êx 32.1-10 — Mas, vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte (monte Sinai = Orebe), acercou-se de Arão e lhe disse: Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe terá sucedido. 2 Disse-lhes Arão: Tirai as argolas de ouro das orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas e trazei-mas. 3 Então, todo o povo tirou das orelhas as argolas e as trouxe a Arão. 4 Este, recebendo-as das suas mãos, trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro fundido. Então, disseram: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. 5 Arão, vendo isso, edificou um altar diante dele e, apregoando, disse: Amanhã, será festa ao SENHOR. 6 No dia seguinte, madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se. 7 Então, disse o SENHOR a Moisés: Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu 8 e depressa se desviou do caminho que lhe havia eu ordenado; fez para si um bezerro fundido, e o adorou, e lhe sacrificou, e diz: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. 9 Disse mais o SENHOR a Moisés: Tenho visto este povo, e eis que é povo de dura cerviz (coração). 10 Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles o meu furor, e eu os consuma; e de ti farei uma grande nação.
Perigos que corremos quando nos afastamos de Deus. É a respeito disso que eu gostaria de refletir com os irmãos, nessa noite.
Sempre que nos imaginamos bons o suficiente em determinada área da nossa vida, nós corremos o risco de errar, exatamente, naquilo em que nos tornamos capazes, naquilo em que nos achamos melhores.
Isso acontece porque haverá um relaxamento natural, quando achamos que somos infalíveis naquilo que fazemos. Isso é uma mostra na nossa soberba, da nossa arrogância.
Quanto mais hábeis, ou capazes, nós somos, ou nos tornamos, em determinada área de atuação, mais nós corremos o perigo de nos achar bons o suficiente, e assim, banirmos da nossa mente a idéia de que precisamos da ação divina para nos orientar.
Por exemplo, há pouco tempo atrás, um homem chamado Steve Irving (lembram-se dele?), um dos homens mais capazes e acostumado a lidar com animais selvagens.
Um cara que enfrentava tigres, serpentes venenosas, crocodilos e todo tipo de animal, mergulhou pra caçar tubarões, foi atacado por uma arraia, cujo ferrão penetrou no seu coração e ele morreu.
Esse homem era um camarada hábil. A TV chegou a mostrá-lo alimentando crocodilos ferozes com seu filho pequeno no colo. Isso gerou uma polêmica muito grande nos Estados Unidos e no mundo.
Mas a confiança dele era tão grande, a capacidade que ele possuía era tão extraordinária, que ele achava que tinha completo domínio sobre qualquer situação que envolvia sua própria vida.
Ele pensava que jamais seria atacado e morto por um crocodilo, por uma serpente ou por um tubarão. Aí, de repente, ao mergulhar para caçar tubarões ele é atacado e morto por uma arraia.
Quando NÃO tomamos certos cuidados, nossas habilidades geram em nós um certo tipo de soberba e de auto confiança. Coisas que podem determinar o nosso fracasso e a nossa destruição.
Na nossa vida cristã, muitas vezes, nós nos acomodamos, pensando que já sabemos de tudo, e isso pode nos levar à ruína.
Quanto mais você achar que já sabe tudo de teologia, tudo da Bíblia, que você já tem a salvação e não precisa se preocupar com mais nada, mais próximo você está do fracasso espiritual.
Isso foi o que aconteceu com o povo de Israel. E isso tem acontecido com muitos crentes nos dias de hoje. Israel viu muitos milagres, muitas intervenções de Deus para lhe dar livramento.
No entanto, esse texto nos conta a história de uma das traições mais terríveis, de um dos atos mais vis, mais infames, contra Deus, quando eles resolvem fazer um bezerro de ouro pra adorar.
Esse texto é a demonstração da vida de um povo auto confiante que analisou a sua situação através de uma visão henoteista.
Eu vou explicar o que é isso. Tem gente que tem medo de falar certas palavras e depois não saber explicar o que significam. O henoteismo é uma crença, ou forma de religião, em que se cultua um só Deus, mas SEM que se exclua a existência de outros deuses.
O povo de Israel cria no Deus todo poderoso, mas cria também em deuses menores, criados ou inventados por eles mesmos. Ou seja, eles criam no Deus do pacto, mas NÃO o consideravam um Deus supremo a quem deveriam amar e servir com exclusividade, e se santificar a esse Deus.
É assim que a gente entende que o afastamento de Deus, claramente visível nesse texto, é também um afastamento completo da confiança e da fé que devemos ter no Deus da Aliança.
Quando nós nos afastamos do Deus das Escrituras, da Palavra de Deus, nós corremos alguns perigos.
Em 1º lugar – Um perigo é esquecer que a intervenção de Deus nas nossas vidas acontece no tempo que o próprio Senhor determinou que acontecesse.
É isso o que nos diz o v.1 — vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte acercou-se de Arão e lhe disse: Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que aconteceu com ele.
Reparem que Deus havia libertado de forma extraordinária, o povo de Israel de seus inimigos. Aquele povo acabara de ver a atuação milagrosa de Deus em suas vidas, retirando-os do Egito, libertando-os do jugo de Faraó, fazendo-os passar a pés enxutos pelo Mar Vermelho.
Mas esse povo, além de ser um povo ingrato, era um povo vexado, um povo que não sabia esperar o tempo de Deus. Eles haviam passado 430 anos como escravos no Egito, mas foram incapazes de esperar um pouco mais, porque Moisés havia se retirado por apenas 40 dias para falar com Deus no monte Orebe.
Assim, quando nos esquecemos que a intervenção de Deus nas nossas vida acontece no tempo do Senhor e não no nosso, nós tentamos culpar ao próprio Deus pela demora e nos afastamos Dele. É aqui que mora o perigo.
Moisés se ausentara para subir ao monte Sinai e receber das mãos de Deus as Tábuas da Lei, receber de Deus a orientação necessária para suas vidas. Mas, na ausência de Moisés, o povo se impacienta, achando que Moisés estava demorando muito.
Isso evidencia a arrogância e a soberba daquele povo que não sabia entregar os seus caminhos ao Senhor, descansar Nele, e esperar com paciência.
Aí eles se entregam à idolatria. Esse é um dos pecados mais funestos, mais infames que alguém pode cometer contra Deus. Sempre que desejamos algo e não sabemos esperar em Deus, quando passamos a confiar em nossas próprias capacidades para fazer isso ou aquilo, corremos o risco de nos entregar à idolatria.
Corremos o risco de achar que Deus NÃO tem competência para fazer o que queremos, e que podemos fazer tudo com as nossas próprias habilidades. Ou seja, tiramos Deus de cena e colocamos o homem como o centro de tudo.
Mas as coisas não funcionam assim. Deus é o Senhor soberano e tudo no universo está no controle Dele. Tudo acontece no tempo de Deus, e não no nosso.
Eu me lembro que na época daquele acidente do avião da Gol que se chocou com um jatinho Légacy, quando morreram 155 pessoas, um cidadão foi entrevistado no aeroporto de Manaus.
Essa pessoa contou que chegou para embarcar naquele vôo, mas o seu nome não constava na lista de reservas. Ele esbravejou e discutiu para tentar embarcar, mas não conseguiu.
Aí ele recebe a notícia de que o avião caiu e que todos morreram. Imaginem como deve ter ficado a cabeça desse cidadão. E ele diz na entrevista — Foi Jesus quem me salvou. Não morri porque Deus não quis. Ele tem um propósito na minha vida...
As coisas acontecem no momento de Deus, não no nosso. E quando nos afastamos de Deus, nos tornamos mais vulneráveis a não compreender isso.
Em 2º lugar – Esse texto nos ensina que, quando nos afastamos de Deus, corremos o perigo de ter medo de dizer NÃO. Mesmo quando o SIM vai contra a Palavra de Deus.
É isso o que dizem os v.2-6 — Disse-lhes Arão: Tirai as argolas de ouro das orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas e trazei-mas. 3 Então, todo o povo tirou das orelhas as argolas e as trouxe a Arão. 4 Este, recebendo-as das suas mãos, trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro fundido. Então, disseram: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. 5 Arão, vendo isso, edificou um altar diante dele e, apregoando, disse: Amanhã, será festa ao SENHOR. 6 No dia seguinte, madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se.
Que coisa terrível fez Arão. Ele teve medo de dizer NÃO, sabendo que o SIM seria ofensivo a Deus. E isso é muito comum nos dias de hoje.
Muitas vezes, nós ficamos com medo de magoar as pessoas e acabamos sendo coniventes com os pecados que elas praticam, com os atos perversos que elas realizam.
Arão era irmão de Moisés, um homem que viu as grandes maravilhas que Deus realizou no meio de seu povo. No entanto, em vez de se manter firme, como sacerdote que ele era, e dizer NÃO ao que o povo lhe havia pedido, ele faz, exatamente, o que o povo quer.
Arão sucumbe ao desejo do povo. Esses v.2-6 mostram que ele não sabia a quem deveria agradar, aos homens ou a Deus. Imaginem a confusão que estava acontecendo na cabeça de Arão.
Porque, entre agradar a Deus ou agradar a homens, não pode haver dúvida no coração do verdadeiro crente. Sempre que quisermos agradar às pessoas, terminamos por desagradar a Deus.
Reparem que Arão faz o bezerro de ouro, mas, ao mesmo tempo, ele tenta se justificar diante de Deus, criando um caminho, como se diz, “em cima do muro”.
Claramente, Arão tenta agradar aos homens e a Deus. Como se diz, agradar a “gregos e troianos”. E sempre que isso acontece, nós desagradamos a Deus.
O v.5 mostra isso de maneira taxativa — Arão, vendo isso, — vendo o que? Que o povo adorou o bezerro que ele fez — edificou um altar — para tentar resgatar na mentalidade do povo o henoteismo... a crença de que eles poderiam adorar a vários deuses, mas que existia um Deus maior > é por isso que ele disse — Amanhã, será festa ao SENHOR.
Nesse verso, nós vemos Arão achando que o seu SIM para o povo, construindo aquele objeto de idolatria, poderia ser consertado depois, pela adoração ao Deus verdadeiro.
Ou seja, pela construção de um altar onde eles deveriam buscar o Deus vivo. No entanto, quando nós agimos assim, nós perdemos a identidade de servos de Deus e passando a idéia de um deus frouxo e sem caráter. Um deus permissivo que nos deixa fazer todas as coisas.
(ilustração) Quinta feira eu estava no super mercado, e o cidadão que estava na minha frente, começou a conversar sobre a falta de responsabilidade e seriedade do povo brasileiro... Aí, vira-se e diz — Eu passei sábado, domingo e 2ª feira no carnaval de Barra de São Miguel. Mas, na 3ª feira, eu voltei pra Maceió e fui pra missa na igreja dos Capuchinhos... (olha aí o henoteismo > um deus permissivo que nos deixa fazer todas as coisas).
Nós não podemos servir a dois senhores. Ou servimos a Deus de maneira integral e completa, ou servimos ao diabo. Mas nesse mundo em que vivemos, nós estamos sempre sofrendo pressões.
Há pressões na área política, na área social, na área moral. Nós sofremos pressões pra dizer SIM a diversos bezerros de ouro, como por exemplo, ao adultério, ao homossexualismo, à corrupção...
Ou seja, sofremos pressão para aceitar a idéia de um deus que é conivente com os nossos pecados, que não cobra nada de nós, que sempre vai entender as misérias dos pecados que praticamos.
Tem gente que chega a dizer que Deus é tão bom que nós nunca chegaremos a sofrer as conseqüências desses nossos maus comportamentos.
Todavia, os crentes têm que dizer NÃO a todas essas coisas, mas não dizem por medo das pressões. Então, as pessoas fazem dois altares > um onde as satisfações do coração são preenchidas, outro onde tentam adorar a Deus.
Em resumo, nós temos que dizer SIM para aquilo que Deus diz SIM, e dizer NÃO para aquilo que Deus diz NÃO.
Em 3º lugar – Esse texto nos ensina que, quando nos afastamos do Senhor, corremos o perigo de deixar de respeitar a Deus, mesmo sendo Deus quem ele é.
Esse é um perigo tremendo, porque corremos o risco de banalizar uma relação que deveria ser estruturada a partir do respeito e do temor.
Reparem o que diz o v.7-9 — Então, disse o SENHOR a Moisés: Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu 8 e depressa se desviou do caminho que lhe havia eu ordenado; fez para si um bezerro fundido, e o adorou, e lhe sacrificou, e diz: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. 9 Disse mais o SENHOR a Moisés: Tenho visto este povo, e eis que é povo de dura cerviz (coração).
A visão do povo estava tão obscurecida, turva, embaçada, quanto à grandeza de Deus como Senhor e Rei, como Criador do Céu e da Terra, que a analise deles estava centrada no homem. Estava centrada em Moisés, na atuação de Moisés na libertação do Egito.
É isso o que nos revela o v.1, v.7 e v.8 > Moisés, o homem que nos tirou do Egito... Reparem que Deus usa, inclusive, de ironia e diz a Moisés > porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu...
Porque é assim que o povo pensa, que foi Moisés quem os tirou do Egito. E a Palavra acrescenta > São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito.
Ou seja, não existe aqui nenhuma menção de que foi DEUS quem os tirou do Egito. Vemos aqui, portanto, um óbvio destemor e desrespeito para com Deus.
Vemos aqui o povo atribuindo a glória ao homem. Glória que deve ser atribuída unicamente ao Deus Todo Poderoso, Criador de todas as coisas. SOLI DEO GLORIA.
Ou seja, quando nos tornamos fabricantes de ídolos, esses ídolos nos mostram a quem, de fato, nós servimos. A idolatria toma de Deus o temor e o respeito que deveríamos ter pelo Senhor, porque coloca o homem como o centro de todas as coisas, faz do homem deus...
Se somos crentes, devemos temer e respeitar somente a Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. O Senhor é que deve ser o centro da nossa adoração.
Mas, infelizmente, a igreja dita cristã está, hoje, cheia de cristãos idólatras. E não pensem que idolatria se refere somente a adoração de imagens. Não!
A idolatria é qualquer ato que nos distancia da verdadeira adoração a Cristo Nosso Senhor. A idolatria é qualquer ato que coloca qualquer outra coisa como mais importante do que Deus na nossa vida.
Assim, por exemplo, o dinheiro pode ser uma idolatria para nós. E a Bíblia diz que os idólatras não herdarão o Reino do Céu... Portanto, como crentes, não podemos deixar que nada assuma importância maior na nossa vida do que Cristo.
O nosso trabalho, a nossa família, os nossos bens, as nossas amizades, enfim, nada deve ser mais importante do que Jesus Cristo na nossa vida.
Quem nos salvou, quem nos libertou do império do pecado, quem nos tirou das trevas e nos trouxe para sua maravilhosa luz, foi Deus, foi Cristo... Portanto é a Ele que devemos dedicar toda a nossa adoração.
Meditem, portanto, nos perigos que corremos quando nos afastamos de Deus. SOLI DEO GLORIA. Amém e graças a Deus.

quarta-feira

A visão ampliada de Deus

Gn 13.14-18
A fonte da nossa reflexão, nesta noite, é o livro de Gênesis capitulo 13 a partir do versículo 14. Essa história que vamos ler agora, ela resulta de um momento de separação entre Abraão e toda a gente que vivia com ele.
É a separação de Abraão de Ló, seu sobrinho, e toda a gente que também vivia com Ló. Eles agora possuíam gado, bens, mas ainda não tinham uma terra em que pudessem se fixar.
E como a casa de cada um deles havia crescido bastante, as suas posses também se ampliaram, o seu gado se desenvolveu, e eles precisavam de mais espaço.
A Bíblia nos versículos anteriores — e você em casa depois pode conferir — diz que Abraão propôs a Ló uma separação. E Abraão com sua capacidade de dividir as coisas, permitiu que o seu sobrinho Ló escolhesse a terra que pretendia habitar, com sua casa, com o seu gado, com as pessoas que com ele viviam.
E diz o texto, anteriormente, que Ló escolheu as Campinas do Jordão. Ló foi esperto. Escolheu a melhor terra, a terra fértil. Porque era assim naquele tempo, antes da destruição de Sodoma e Gomorra.
Assim, reparem, na hora da escolha, Ló, inteligentemente, escolheu as Campinas do Jordão. E Abraão ficou com o que restara.
É neste contexto de separação, de divisão de espaços, ainda que não possuídos integralmente, que a historia acontece.
Vamos, então, ler agora, a partir do verso 14 do capitulo 13 de Gênesis — Disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se separou dele: Abraão ergue os olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; 15 porque toda essa terra que vês, eu ta darei, a ti e a tua descendência para sempre. 16 Farei a tua descendência como pó da terra, de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, então se contará também a tua descendência. 17 Levanta-te, percorre essa terra no seu comprimento e na largura; porque eu ta darei. 18 E Abrão, mudando as suas tendas, foi habitar nos Carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom, e levantou ali um altar ao Senhor.
Aí está a historia, aí está o momento, aí está à separação, aí está a nova realidade que Abraão teria que viver. Eles haviam acabado de chegar do Egito, onde viveram por algum tempo, devido à escassez de alimentos na terra que lhes era prometida.
E, agora, estavam de volta! Abraão ali estava, com a terra que lhe restara, com a perspectiva da posse de um território que lhe sobrou, uma vez que Ló havia escolhido o melhor pedaço.
Mas é neste contexto que Deus diz a Abraão — Abraão ergue os olhos! E olha! Olha a terra! Olha para o norte, para o sul, para o ocidente, para o oriente. Porque toda esta terra que vês, Eu darei a ti.
Mas, reparem, irmãos, o que está no texto, e que nos chama a atenção. Olhem bem esse v.14 — Ergue os olhos e olha – diga a igreja - e vês desde onde estás.
Isso, às vezes, nos escapa na leitura do texto. Por quê? Porque chama muito mais a atenção Palavra do Senhor, falando da experiência, da expectativa e da amplitude da promessa.
Assim, deixamos de perceber a expressão — Ergue os olhos, Abraão, e olha desde onde estás. — Olha daí!
Eu não sei, exatamente, onde Abraão estava. A Bíblia nos dá uma idéia geográfica muito geral, mas exatamente onde Abraão estava não sabemos.
Mas isso não importa. Importa é saber que era de onde Abraão estava que ele devia olhar. Deus não tira Abraão de onde ele estava para levá-lo a um pináculo de templo que nem existia, ou ao cume de uma montanha onde pudesse ver mais.
Não, não, não. Deus não faz isso. Ele diz — Abrão, olha de onde estás, olha a partir da tua realidade, agora. Olha pro norte, olha pro sul, olha para o oriente, olha para o ocidente. E vê o que puderes ver.
É isso que Deus nos diz. É isso o que Deus diz a você e diz a mim insistentemente. Olhe de onde você está, porque não dá para olhar de onde NÃO estamos.
Deus NÃO nos impõe uma impossibilidade. Deus NÃO nos diz: Olha do céu; olha do fundo do mar; olha dos confins da terra. Não! Olha de onde você está!
Olha a partir dessa realidade em que você vive. Uma realidade que talvez, hoje, é muito pequena e limitada. Uma realidade que é frágil e assustadora! Olha daí!
Porque, reparem, Ló escolheu o bom pedaço da terra. Aquele pedaço que lhe pareceu bom. As Campinas do Jordão eram uma terra fértil, onde seu gado haveria de crescer e alimentar-se com fartura.
Parece, portanto, que sobrou o pior pra você, não é Abraão? Você não se sente assim nessa região montanhosa? Olha! Confere a sua realidade. — Porque tudo o que vês eu te darei — diz o Senhor.
O que é que você vê hoje? Se Deus dissesse a você, agora, Gil, olha pro norte, pro sul, pro oriente, pro ocidente de onde você está. Certamente, a Gil veria muito pouco. Nós também veríamos muito pouco.
Mas Abraão olhou. — Pois é, Abraão, tudo isso que você está vendo Eu darei a você. Mas Eu darei muito mais, porque de onde você está, Abraão, você não pode ver tudo o que Eu posso dar a você.
Porque, prossegue o texto no v.15 — porque toda essa terra que vês, eu a darei, a ti e a tua descendência para sempre.
Uma terra para Abraão e sua descendência para sempre. Poderia ser uma terra pequena, poderia ser a terra que Abraão conseguia ver de onde estava, mas Deus, diz no v.16 — Farei a tua descendência como pó da terra, de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, então se contará também a tua descendência.
Ah! Abraão! Você olhou de onde você está? Você viu a terra que Eu lhe darei? Não! Você não viu, não. Você pensa que viu! Porque a terra que lhe darei é muito maior do que você pode ver.
Porque o que lhe darei será a terra que vai ser habitada por sua descendência incontável, como pó da terra. Não, Abraão, a sua descendência será tão grande que não caberá na terra que você pode ver de onde você está.
Porque a promessa de Deus é assim... A promessa de Deus é sempre muito maior do que podemos ver. Às vezes, a nossa esperança fica assim tão diminuída, porque só podemos ver de onde estamos.
Será que eu posso ver o Clima Bom de onde estou? Não, não posso! Mas, lá no Clima Bom, estará a Segunda do Tabuleiro. É como se Deus tivesse me dito há quatro anos trás: — Pedro, de onde você está olha e veja a minha igreja.
E eu teria visto a Primeirona, como vi. E Deus me diria — Pois bem, a igreja que Eu lhe darei é muito maior. Ela está no Clima Bom, ela está no Salvador Lira, ela está na Forene. Ela está não sei lá onde. A 2ª, a 3ª, a 4ª IP do Tabuleiro...
— Abraão a terra que darei a você não é essa terra que você vê de onde você está. Não, ela é muito maior.
Portanto, de onde você está, você não vê o que Deus pode oferecer a você. Você vê apenas o que seus olhos alcançam. E é por isso que as pessoas desanimam e enfraquecem, porque vêem tão pouco.
As pessoas somente conseguem ver a sua dor, a sua crise, o seu medo, a sua insegurança, a sua limitação, a sua escassez. E é isso que as pessoas vêem, muitas vezes, de onde estão.
E é isso que as pessoas têm porque é isso o que Deus lhes dá. Mas, meu irmão, vá além disso. Porque se Deus nos desse apenas o que podemos ver de onde estamos, a nossa esperança seria muito pequena.
Ah! eu me lembro quando propus ao conselho da Primeirona as obras que já completamos aqui. Vocês se lembram de como era a Congregação, como era a igreja quando ela foi organizada? Lembram?
Foi como se Deus dissesse ao Conselho — Olhe de onde você está. — E o conselho viu o saldo de caixa da igreja e disse. — É, Senhor, talvez dê pra fazer o gabinete pastoral e nada mais.
Mas Deus disse — Mas é maior, é incontável, e tudo isso darei a Primeirona. E Ele deu! E nós fizemos a obra que era pra ser feita aqui.
Graças a Deus por isso! De onde veio o dinheiro? Não tenho a menor idéia! Foi com sacrifício? Foi! Não me peça para fazer uma obra dessa na sua casa.
Não pense que eu conseguiria do mesmo jeito, porque não coube a mim, nem aos presbíteros, mas coube a esse Deus maravilhoso que diz assim: — Olha de onde você está!
Parece pouco não é, mas Eu darei a você isso que você vê agora e muito mais. Porque a sua descendência, que será incontável como o pó da terra, não habitará essa terra pequena que podes ver. Porque a terra que tenho para você é muito maior.
É isso o que Deus nos fala sempre. É isso que Deus nos propõe sempre. Que olhemos de onde estamos, sim, porque esta é a nossa realidade.
Mas que possamos, na Graça do Senhor, na visão da nossa fé, ver além, muito além. Para que possamos realizar muito mais do que pensamos.
Tem gente que não realiza porque só vê de onde está. E não consegue ver através dos olhos do Senhor. Isso é maravilhoso!
Aí, Deus, depois de dizer isso a Abraão, continua no v.17, confira: — Levanta-te, percorre essa terra no seu comprimento e na largura; porque eu ta darei.
Disponha-se, Abraão! Você já olhou, já viu, já percebeu que Eu posso lhe dar muito mais. Então, agora, se levante e percorre essa terra de Norte a Sul. Do Oriente ao Ocidente.
Sai do seu lugar, Abraão! Sai de onde estás! Vai para mais alto, para que você veja mais longe, para que você amplie a sua perspectiva. Para que a terra que você pode enxergar, agora, seja uma terra muito mais ampla.
Levante-se! Sai do seu lugar! Percorre passo a passo, porque a terra é tão grande que você não pode percorrê-la de uma vez só. Caminha lance a lance. Disponha-se! Mexa-se, agite-se. Sai dessa mesmice, reage!
E Abraão, mudando as suas tendas foi habitar nos Carvalhais de Manre que estão juntos a Hebrom. Abraão deu o primeiro passo. Coisa maravilhosa!
Desde o início, a vida de Abraão foi uma vida de desafio. Desde Haram, lá na Mesopotâmia, quando Deus o chamou pela primeira vez: — Abraão sai da tua terra, da tua parentela e vai para uma terra que te mostrarei.
E Abraão saiu. Abraão obedeceu. E, agora, novamente, ele se move. Abraão era um homem de ação, de atitudes. E você? Como é você? Você também vai se mover?
Que bom que seja assim. Você está olhando aí do seu lugar? Tá olhando? E o quê você está vendo? O quê você está vendo a respeito da sua vida? Parece pouco? Mas Deus vai lhe dar muito mais.
Entretanto, você somente poderá ver mais do que você vê hoje, se você sair deste lugar em que você está. Apequenado, diminuído, limitado.
Saia! De um passo para o norte, para o sul, para o oriente, para o ocidente. Vá pra frente, volte atrás se for preciso. Desvie para o lado eventualmente. Mas saia! Vá tomando posse de tudo aquilo que lhe pertence. A promessa é para você. Mas a conquista é sua.
E termina o texto. — E chegando aos Carvalhais de Manre que estão juntos a Hebrom — a igreja diz — e levantou ali um altar ao Senhor.
Reparem como termina o texto. Abraão era um homem extraordinário. Ele levantou ali um altar ao Senhor.
Ou seja, quando ele conquistou aquilo que primeiramente pode, Abraão não perdeu a consciência de que Deus lhe dera a oportunidade.
Abraão não se engrandeceu em si mesmo, não se vangloriou. Não se tornou prepotente, não se achou poderoso demais. Mas levantou um altar ao Senhor e prestou culto. Agradeceu.
E disse: — Senhor, entendi. Senhor, acredito! Senhor, eu creio e quero Te servir. Já me deste um pouco, certamente me darás todo lugar que meus pés puderem pisar, porque não ficarei mais parado.
Não estarei mais estacionado. Verei de outros ângulos. Eu Te cultuo, meu Deus! Eu Te bendigo! E é Contigo que vou. E aonde eu chegar e no lugar em que estiver ali erigirei um altar a Ti. E a minha vida será um permanente culto a Ti, Senhor. E cada vitória minha será creditada à Tua Graça e ao Teu poder.
Não perca isso! Porque, às vezes, as pessoas se movem, saem dos seus lugares, conquistam espaços, mas se esquecem de Deus. É ou não é?
Abraão chegando a Manre, junto a Hebrom, levantou um altar ao Senhor. Deus abençoe você nesta noite. De onde você está! Erga os seus olhos. Levante a sua cabeça.
Veja tudo que pode ser seu. E ainda assim será pouco, porque Deus tem muito mais. Portanto, mexa-se, ande, saia do seu lugar, de um passo, liberte-se desta realidade que limita a sua vida, que limita a sua a visão, que limita a sua a perspectiva.
E vá por este mundo erigindo altares ao todo Poderoso. Ao nosso Deus Maravilhoso, ao Senhor Jesus.
Amem!

segunda-feira

A Vigésima Quinta Hora

Mc 6.45-52 — Logo a seguir, compeliu Jesus os seus discípulos a embarcar e passar adiante para o outro lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão. 46 E, tendo-os despedido, subiu ao monte para orar. 47 Ao cair da tarde, estava o barco no meio do mar, e ele, sozinho em terra. 48 E, vendo-os em dificuldade a remar, porque o vento lhes era contrário, por volta da quarta vigília da noite, veio ter com eles, andando por sobre o mar; e queria tomar-lhes a dianteira. 49 Eles, porém, vendo-o andar sobre o mar, pensaram tratar-se de um fantasma e gritaram. 50 Pois todos ficaram aterrados à vista dele. Mas logo lhes falou e disse: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais! 51 E subiu para o barco para estar com eles, e o vento cessou. Ficaram entre si atônitos, 52 porque não haviam compreendido o milagre dos pães; antes, o seu coração estava endurecido.
Reparem que esse texto que lemos nos fala de um momento; nos fala de tempo; nos fala de horas. O v.45 começa dizendo — Logo a seguir...
Ou seja, o texto fala de um tempo seguinte, após a multiplicação dos pães... Esse é um tempo, registrado na cronologia humana, no qual Jesus obrigou os discípulos a embarcar e passar para o outro lado do lago.
O v.47 diz — Ao cair da tarde, estava o barco no meio do mar... — Esse é um outro tempo; uma outra hora, outro registro cronológico.
Nesse tempo agora, estava o barco no meio do mar, e Jesus estava sozinho em terra. O v.48 diz assim — E, vendo-os em dificuldade a remar, porque o vento lhes era contrário, por volta da quarta vigília da noite...
Aqui o texto fala de um outro tempo, uma outra hora, um outro registro cronológico. Vocês estão acompanhando? Se houvesse relógio, naquela época, certamente o evangelista teria escrito de outra forma.
— Às três horas, lá pelas cinco e meia, ao cair da tarde, lá pelas duas e pouco da manhã... — A nossa vida é assim! A nossa vida é toda sinalizada por tempos, por registros cronológicos.
O culto começa às 19:00 horas. A previsão é para terminar por volta das 11 da noite, né? Portanto, dormir, só lá para a meia noite, né? E assim, vamos.
E, assim, o relógio se torna parte de nosso corpo. Tem gente que, nem para tomar banho, tira o relógio, e eles são feitos para isso mesmo, a prova d’água, impermeáveis.
Mas, existe uma hora, existe um tempo, há um registro cronológico, que não integra os nossos relógios. Porque essa hora chega sem aviso.
É o tempo do imprevisto. É o tempo daquilo que não se conta; daquilo que não se espera. É o tempo daquilo que não se prevê; daquilo que, muitas vezes, não queremos.
Esse foi um tempo na vida daqueles discípulos. Depois de cair a tarde, eles já estavam longe da terra, no meio do Mar da Galiléia, num tempo que não tem registro preciso.
O evangelista diz no v.48 — por volta da quarta vigília da noite... Era mais ou menos 3 horas da manhã. Nessa hora eles se viram em dificuldade, e o mar se agitou, o barco ficou ameaçado, o vento era contrário, tudo estava escuro.
Isso não estava previsto. Essa é a hora que não está registrada em nossos relógios. Certamente, você já está com a sua noite toda programada.
Você vai chegar em casa daqui a pouco, é ou não é? Talvez, tome um copo de leite, antes de deitar, ou vá jantar, como eu e Lysia, ou ainda fazer uma visita à sua mãe, ou ver um filme na TV, e é muito justo que seja assim.
Tudo bem definido! Mas, se você sair daqui da Primeirona e ali, no meio da rua, sem qualquer aviso, você for surpreendido por alguma coisa que você não esperava?...
Muda toda a sua cronologia, não muda? Muda todo o seu planejamento. E é assim que acontece com muita gente, com todo mundo.
É a hora que não está em nosso relógio. Essa é a hora mais difícil da nossa vida. Quase sempre! Às vezes, esse não previsto é até bom. Pode ser essa hora não programada que traga uma boa notícia...
Mas ninguém percebe muito essa hora. O que guardamos, o que destacamos é a hora do imprevisto que incomoda, como esta dos discípulos.
A hora de uma tempestade que chegou no meio da noite e que dificultou a navegação e a viagem. É como se fosse a vigésima quinta hora.
Porque, reparem, o relógio marca vinte e quatro horas. Mas essa hora imprevista é como se houvesse uma vigésima quinta. Quem sabe você não está vivendo essa hora, neste momento?
Quem sabe você não está vivendo a sua vigésima quinta hora? Porque, essa vigésima quinta hora, a hora do imprevisto, a hora do não planejado, a hora do que não queremos, é, primeiramente, a hora das trevas, da escuridão, das sombras ao cair da noite.
Estava o barco no meio do mar, e Jesus, sozinho, em terra. E, em seguida, Jesus vendo que eles estavam em dificuldade... Estava escuro.
A noite havia chegado ao Mar da Galiléia. Era a madrugada do Mar da Galiléia! Não era a noite do Tabuleiro. Não era a noite da Primeirona.
Era a noite das trevas, da escuridão, das sombras que envolvem. E nas trevas, é a hora que perdemos as referências. Porque na escuridão não vemos aquilo que nos ajuda a caminhar.
Era uma tempestade. Dizem os outros evangelhos que era uma tempestade. Certamente, o céu estava escuro, a terra estava distante.
Era um mar imenso, encapelado, açoitado pelas ondas. O barco balançando para lá e para cá, e não se via nada. A hora das trevas é a hora da perda das referências.
Nada se vê! Essa é uma hora terrível! Porque, quando temos as nossas referências, nós vamos andando, vamos caminhando. Sabemos para onde vamos, temos a posição de tudo aquilo que orienta a nossa caminhada.
Mas, quando tudo se faz escuro e a luz falta, você sai esbarrando em tudo, tropeça nos outros, e você já não caminha com velocidade... e, ás vezes, resolve parar mesmo.
É melhor ficar quieto, para não se arranhar e esperar que a luz se faça outra vez. A vigésima quinta hora é, antes de tudo, a hora do imprevisto, porque é a hora das trevas, da perda das referências.
Não havia terra para se ver; não havia estrela que orientasse a navegação. Era só o escuro. Quem vive um imprevisto não desejado, sente esta realidade da escuridão que se faz, das trevas que se implantam.
E não há como andar, é ou não é? O caminhar fica difícil. Você tropeça aqui, tropeça ali, bate na parede, se machuca na quina da cama...
Você já viveu isso? A vigésima quinta hora, que é a hora do imprevisto não desejado, não é apenas o tempo das trevas, mas é, também, e por conseqüência, o tempo do medo.
Reparem no v.49 — Os discípulos, porém, vendo Jesus andar sobre o mar, pensaram tratar-se... — De quê? — de um fantasma!
Aquele que vinha pra salvar, aquele que vinha pra recompor a paz e a tranqüilidade do mar; aquele que vinha para cessar o vento, para tornar clara a noite, para revelar as referências de uma boa caminhada, foi identificado, equivocadamente, por um fantasma.
Por quê? Porque a hora das trevas é a hora, também, do medo! Porque, no escuro, tudo se deforma, nada se vê com clareza e nitidez e, aquilo que é, torna-se uma outra coisa.
O Senhor Jesus se torna um fantasma, e a solução de um problema se transforma em pânico! “É um fantasma!” O Senhor Jesus vira um fantasma.
É assim com muita gente que é alcançada pela vigésima quinta hora, a hora do imprevisto não desejado, a hora que não se registra no relógio: A vigésima quinta hora.
É gente, assim, envolvida pelas sombras e pelas trevas, gente sem referências, gente assustada, que não vê solução, que não percebe a salvação que chega.
É gente assim que identifica tudo de maneira equivocada! São as sombras que assustam. Você já esteve num lugar assim, bem escuro?
Um lugar assim, num sítio como a do Zé Roberto, que mora lá na Grota? Você já esteve num lugar assim?
Lá na casa do Roberto e da Elizama é assim. Se faltar luz, é uma escuridão tremenda. E todo mundo corre para dentro de casa para acender uma vela.
Porque, lá fora, as árvores balançam, os arbustos se mexem, os barulhos se intensificam e nós começamos a ver aquilo que não existe.
Eu conheço uma pessoa que jura que viu uma “mula sem cabeça”. Coitado! Era um cachorro muito grande, abaixado, comendo alguma coisa no chão. No escuro parecia um animal sem cabeça.
Porque tudo se deforma mesmo, na escuridão e na sombra, é ou não é? Os movimentos criam imagens de coisas que não existem. Foi assim que Jesus pareceu para eles um “fantasma”.
Aquele que, antes, multiplicara os pães, aquele que, antes, com poder, havia alimentado a multidão, aquele que chegava com a sua figura que tranqüiliza, é aquele que implanta o medo e o pavor.
— É um fantasma! Foi assim! — As sombras e as trevas fazem isso conosco. Ninguém gosta de escuridão!
Mas, a vigésima quinta hora é assim > a hora que não está no relógio, a hora do imprevisto, a hora do não desejado. É a hora das trevas, da perda das referências.
E, por isso, é a hora do medo, quando tudo se deforma, quando as imagens se fazem assustadoras, quando o que é deixa de ser e, o que não é, se torna real.
Eles viram um fantasma que não existe. Homens! Eu fico imaginando Pedro vendo um fantasma... O grande Pedro, corajoso, forte, pescador, vibrante, impetuoso, voluntarioso, tremendo de medo:
— Misericórdia, João, é um fantasma! André, me dá a tua mão. —Claro que ele não fez isso! Mas ficou com medo, muito medo sim! Porque tem muita gente grande que treme de medo.
Eu também! Eu não sou tão forte e nem tão grande... O que é que você anda vendo por aí? Nessa sua vigésima quinta hora? Você anda vendo fantasmas?
Será que você NÃO está percebendo a chegada do Senhor Jesus? Será que você somente consegue enxergar as trevas? Será que você não tem referência alguma, em meio às sombras da sua vida, sombras que deformam tudo o que você vê?
Será que você NÃO enxerga a providência chegando por sobre as águas da sua tempestade? Você está com muito medo, não é?
Mas a vigésima quinta hora, a hora que não está no relógio, a hora do imprevisto não desejado, que é a hora das trevas, da perda das referências e, por isso, a hora do medo, que deforma a realidade, é aquilo que nos importa agora.
Reparem no v.50 — Mas, logo, Jesus lhes falou — o quê? — Tende bom ânimo! Sou eu.
A vigésima quinta hora, reparem, é a hora de Deus! Sabem por que? Porque não há tempo que não pertença ao Senhor Todo Poderoso.
E, para o Senhor, não existem imprevistos não desejáveis. Para ele, tudo é conhecido, e o tempo é o tempo que se desfaz em sua eternidade.
A tempestade que espantou os discípulos era a tempestade que estava ao alcance do conhecimento de Jesus que os viu lá da terra.
E, vendo-os em dificuldade, foi a eles, andando por sobre as águas. Porque não há tempestade que impeça o caminhar do Senhor Jesus para buscar a cada um de nós.
Essa é a hora da sua escuridão; da perda das suas referências. É a hora do seu medo, mas é, sobretudo, a hora de Deus. E é ele quem chega, desfazendo as trevas e cancelando o medo, dizendo:
— Tende bom ânimo, sou eu! Paz! Não, não sou um fantasma! Vejam o que sou: O mesmo que tem caminhado com vocês. Eu sou a referência que vocês não podem perder.
Ainda que as trevas se instalem, ainda que as estrelas desapareçam por trás das nuvens escuras da tempestade; ainda que a terra não se possa ver na distância do mar que leva você para longe, Eu sou a referência que vocês não podem perder. Sou eu! Não tema!”
Que coisa maravilhosa! Não podemos perder esta referência do Senhor Jesus. Não podemos nunca confundi-lo com um fantasma, ou com alguma coisa que assusta...
O Senhor Jesus tem que ser a nossa fé. Ele é uma realidade inconfundível, na hora da manhã, na hora da tarde, na hora da noite, na vigésima quinta hora.
Não olhe para o seu relógio na sua crise. Antes de olhar o horário da sua consulta médica, antes de verificar o tempo que você tem que ir ao banco para resolver a sua dificuldade financeira, antes de ver a hora que passa e que lhe tira o sono, nas ansiedades de sua vida, veja uma hora que NÃO está no seu relógio.
Tire o relógio! E veja o Senhor Jesus, porque essa é a hora de Deus! E, somente ele pode chegar sobre as águas, para desfazer as trevas, para aquietar o mar e restabelecer a caminhada com a sua voz poderosa, dizendo a você:
— Tenha bom ânimo! Não tema! Sou eu! — E, fazendo cessar o vento, subiu para o barco.
Seja assim, não somente hoje. Seja assim, não apenas nesta hora que o seu relógio marca. Seja assim todo o tempo e todos os dias e, particularmente, nas suas vigésimas quintas horas.
Deus abençoe você! Deus abençoe a Primeirona! Amém?