sexta-feira

Aprendendo à luz da Palavra

Mateus 26:26-30
Aqui está a mesa da Santa Ceia. A Santa Ceia é uma cerimônia que, para os olhos de uma pessoa incrédula, para as almas insensíveis, e para as inteligências ainda distantes da plena compreensão do seu significado parece um evento monótono, cansativo e sem graça.
Mas reparem bem! Para olhos incrédulos, para almas insensíveis, e para inteligências distantes do pleno significado de tudo isso, pode ser que seja uma cerimônia monótona, cansativa e sem graça.
Eu digo isso, porque foi assim comigo também. Quantas vezes, em outros ambientes religiosos, participei ou acompanhei a celebração da Eucaristia, não necessariamente nos moldes do nosso ambiente protestante e reformado.
E naquele tempo parecia mesmo muito cansativo. Eu não sabia nada daquilo. Eu não cria naquilo! Mas a Santa Ceia, aos olhos da fé, para as almas crentes, e para as inteligências que compreendem o seu significado, é exatamente o contrário.
É uma cerimônia extremamente dinâmica, extremamente movimentada. Não no caminhar dos presbíteros que servem os elementos da Ceia à igreja.
Não na condução do oficio Eucarístico pelo pastor. Não! A dinâmica da Santa Ceia está muito acima de tudo isso.
Vamos ficar de pé e abrir a Bíblia no Evangelho de Mateus no capitulo 26, e acompanhar a leitura que faço a partir do verso 26 também.
Mt 26.26 diz assim: — Enquanto comiam ( quem comiam? > Jesus e seus doze discípulos) tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu a seus discípulos, dizendo: tomai, comei; isto é o meu corpo.
Vamos, por enquanto, ler apenas o v.26. Deixe sua bíblia aberta onde está, depois nós voltaremos ao texto. Reparem irmãos, isso é a igreja que vai responder agora. No v.26 que acabamos de ler, quantos tempos verbais você identifica? Quantos verbos você encontra nesse versículo?
Nove. Vamos conferir > Comiam, tomou, abençoando-o, partiu, deu, dizendo, tomai, comei, é. Nove.
E o que, na frase, representa o verbo? Representa AÇÃO! É ou não é! Então, num versículo, e eu não li todo texto que fala da Santa Ceia, só neste v.26 você encontra nove verbos.
Reparem quanta ação, quanta dinâmica existe na Santa Ceia. E nem lemos os outros versos! O que eu quero dizer é que a Santa Ceia, a princípio, pode parecer, para algumas pessoas, que já especifiquei, algo cansativo, monótono, sem graça.
Tem gente que até dorme durante a celebração da Santa Ceia. É verdade! Porque parece algo assim, algo sonolento.
Existem igrejas até, e isso ainda hoje, que colocam os presbíteros todos de preto. Na Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro é assim.
É uma tradição antiga que ainda é mantida em algumas igrejas presbiterianas. Os presbíteros vão todos de preto, aí fica mais sonolento ainda.
Aí, se você ficar olhando o tempo todo para os presbíteros, todos de preto e os pastores de toga preta, e olhando para mesa, dá sono mesmo!
A não ser que você perceba aquilo que o texto ensina, que a Santa Ceia é um tempo de muita ação, de muita dinâmica Divina. E tudo isso é atribuído a Jesus!
A não ser o fato de que foi no contexto da refeição de todos eles. E é isso que nos precisamos ver na mesa eucarística > Não apenas uma solenidade, uma cerimônia que se repete sempre todos os meses, e que talvez nos traga a lembrança do sacrifício de Jesus.
Mas será apenas isso? Não! A Santa Ceia, para a teologia presbiteriana, não é um simples memorial. Não é apenas uma memória de museu, uma memória estática.
Você já foi a um museu? A Lysia é diretora do Museu Teo Brandão. E você vai lá e fica olhando quadros, esculturas, objetos do folclore, seja lá o que for. E aquilo é absolutamente estático.
Se você for a um museu de História Natural, você fica sabendo que o dinossauro podia ter sido daquela forma que está ali.
Lá no museu Imperial, em Petrópolis, você vê que Dom Pedro II usou uma certa coroa, mas a coroa não se mexe, o fóssil do dinossauro fica imóvel. Essa é a memória de museu.
Mas a memória da Santa Ceia, a memória eucarística, é uma memória dinâmica! É a memória da ação de Deus a nosso favor. E é assim que funciona o tempo todo, não apenas na celebração da Eucaristia.
A celebração eucarística é a renovação desta verdade, é a atualização deste ensino em nós. Mas a Eucaristia acontece o tempo todo, porque nós e a nossa vida, somos o maior dos sacramentos.
Às vezes, a nossa vida, aos nossos próprios olhos — olhos que muitas vezes se tornam incrédulos — a nossa própria alma, que às vezes se torna insensível, a nossa própria inteligência, que às vezes, perde o significado que deve ter, na eucaristia diária, se faz monótona, cansativa e dá sono.
E tem gente vivendo assim, com sono! Porque a vida se tornou assim para essas pessoas.
Ah, mas se aprendermos hoje, à luz da Palavra, na celebração da Santa Ceia, que existe uma enorme movimentação. Que há uma grande dinâmica divina na eucaristia! Ai, SIM, faremos de nossa vida uma eucaristia dinâmica.
Mas onde está a dinâmica Divina, na Santa Ceia, e que está em nossa vida diária? Está aí, no contexto da refeição! No contexto da mesa que nos oferece o alimento, portanto num contexto comum, absolutamente comum.
No contexto diário da nossa vida. Não havia novidade naquela ceia de Jesus e dos discípulos, ainda que eles estivesse celebrando a páscoa judaica.
A mesa era a mesma mesa. A mesa da refeição, uma realidade absolutamente deles, dos discípulos. Não era o momento de uma grande solenidade, de uma grande festa.
Era o momento da mesa. Portanto, nesse momento diário, comum, repetitivo, é que chega a novidade. Jesus toma o pão diário, o pão comum, o abençoa e faz do pão o seu corpo.
Jesus muda, não a natureza do pão, que permaneceu pão, mas muda o seu significado. Altera o seu sentido. Daqui para frente este pão, sob a minha benção, não é mais um simples pão!
Esse pão se torna meio da Graça! Portanto, estenda a sua mão e coma. Como se você estivesse comendo a minha própria carne, ainda que o gosto lhe pareça e é o gosto do pão.
Que coisa maravilhosa! Assim será a vida! Muitas vezes, a vida se tornará tão repetitiva que se fará monótona e sem graça. Mas, nessa hora, lembre-se da Santa Ceia.
Porque é no contexto da sua vida diária, que Eu tomo aquilo que é tão comum, e tão sem graça, e abençoou e devolvo a meus discípulos pleno de novo sentido.
Pleno de novo significado. Pleno de bênçãos. E, agora SIM, a vida ganha expressão, porque ela se faz corpo de Cristo.
Portanto, se é assim como posso dormir durante a vida? Como posso ficar insensível a vida que se desenvolve, em mim?!
Como posso perder a noção da novidade que Deus implanta em minha vida. A cada dia! Novidade de vida que vou deixando de perceber, porque minha visão Eucarística se desfaz e some de mim.
E não existe memória. É tão comum. Por exemplo, não há nada mais repetido do que acordar todo dia, é ou não é?
Mas se você parar para pensar que você podia NÃO ter acordado, o acordar ganha um novo significado. Acordei! Estou vivo! Meu Deus! Ainda existe uma oportunidade, ainda dá tempo!
Há uma oportunidade de mudar tudo, de fazer alguma coisa nova! Deus abençoou a minha vida, enquanto eu dormia! Tomou a minha vida em suas mãos, abençoou, e me disse: Vive!
E eu acordei! Aí a vida é o que há de ser, um grande sacramento! Lembrem-se disso! Você que anda acordando todo dia e já acorda zangado, mal-dizendo, reclamando, cheio de dor, murmurando. Lastimando o fato de ter que ir trabalhar.
Será que você não percebeu? O dia anterior passou, você sobreviveu a todas as coisas. Você pôde dormir, na sua casa, num quarto quentinho e confortável.
E melhor ainda, você despertou, enquanto muitos já estão sepultados. Acorde assim! Acorde com a visão da Eucaristia que a mesa do Senhor ensina.
Porque, enquanto eles comiam, algo absolutamente comum na vida deles, Jesus tomou o pão, que também era o pão diário. Não havia novidade alguma naquilo!
Jesus tomou o pão e abençoou o pão! Ah! Aí mudou tudo! Coma! Coma! Isso é o Meu corpo que é dado por vocês. Não é mais o pão que vocês têm comido. É o pão Eucarístico.
Toma! E faça isso em memória dinâmica de mim. Não fique a olhar o pão e o vinho, nessa contemplação estática de um Cristo crucificado. Preso no madeiro.
Oh! Lá está o Senhor Jesus Cristo, exangue, quebrado, sofrido. Não! Porque isso é memória estática. Olhe para o Cristo da Santa Ceia, além da morte! Vivo!
Olhe para Jesus e veja o Cristo que lhe oferece vida e vida em abundância. Aprenda isso hoje! Leia só o v.26, os outros vocês já conhecem.
Conte de novo os verbos desse verso 26. Nove, apenas em um versículo. Quanta ação! Quanta dinâmica! Quanta benção! Quanta oportunidade! Quanta misericórdia! Quanto milagre!
E faça da vida um sacramento diário permanente, porque tudo que lhe tem sido absolutamente comum, repetido, não é monótono nas mãos do Senhor Jesus.
Se a vida lhe parece isso, convide o Senhor! Diga — Senhor Jesus, assente-se aqui comigo! Enquanto eu vou comendo, faz o milagre eucarístico.
Toma o que é meu, que já me cansa, e transforma em teu corpo, redivivo e eterno. E me faz viver, Senhor, eucaristicamente.
Deus abençoe você! Deus abençoe a Primeirona! E participe assim da Santa Ceia.
Reparem que, desse ponto de vista, ela não lhe dá sono. Reparem que o andar dos presbíteros, que tem que ser lento, não cansa a sua paciência.
Lembrem-se que — Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu a seus discípulos, dizendo: tomai, comei; isto é o meu corpo.
Deus nos abençoe! Amém!?

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