domingo

Perdendo a Noção do Sagrado

Abram suas Bíblias no Segundo Livro dos Reis. Esse livro faz parte dos chamados Livros Históricos do Velho Testamento. É de lá que vamos tirar o texto para nossa reflexão nesta noite.
2 Rs 2.23 em diante. Todos encontraram? Veja se há algum irmão do seu lado, com dificuldade. Ajude! Nem todos têm a mesma facilidade. Essa é uma história interessante.
Pouca gente conhece. Quem é que conhece esta história que está registrada aí, no 2 Rs 2.23 a 25? Levante a mão! São poucas pessoas, hein! Poucas pessoas!
Então vamos ler a história para que todos, ou alguns lembrem e, outros, aprendam — Então Eliseu, o profeta, subiu dali a Betel; e, indo ele pelo caminho, uns rapazinhos saíram da cidade, e zombavam dele e diziam-lhe: Sobe, calvo; sobe, calvo! — Melhor traduzindo: Sobe, ô careca; vai, ô careca! — 24 Virando-se ele para trás, viu-os e os amaldiçoou em nome do SENHOR; então, duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois deles. 25 Dali, foi ele para o monte Carmelo, de onde voltou para Samaria.
É uma história impressionante, não é? Lá ia o profeta, o Eliseu, o Homem de Deus, em sua jornada, deixando a cidade, dirigindo-se para o Monte Carmelo e, de repente, ouve ao longe, a brincadeira de rapazinhos, que o chamavam de careca.
Coisa de rapazinho. Não é assim? Você já brincou assim com alguém? Ô lá vai, o careca! Vai ô rolha de poço! — Sabem o que é rolha de poço? É quem é muito gordo.
Vai, ó filé de borboleta! E outros apelidos. A garotada gosta é disso. Eu, quando era menino, lá onde nasci, em Belo Horizonte. Belzonte foi lá que nasci.
Morava numa rua de terra, Rua Diagonal, ali a gente jogava bola, soltava pipa, era um beleza! Mas ali, também a garotada brincava com as pessoas. E, à noite, então, era uma festa.
Ficávamos do outro lado da rua, atrás das moitas de capim, deixávamos, do outro lado, uma espada de São Jorge... Sabem o que é espada de São Jorge, né?
E, lá, a espada de São Jorge, do outro lado da rua, amarrada com uma linha preta e esperávamos alguém passar, de preferência uma mulher.
E, quando ela ia chegando, nós puxávamos a espada de São Jorge. Aquilo parecia uma cobra rastejando, e era um susto danado! A mulher gritava, depois xingava — Seus moleques...
Mas era muito engraçado! E tinha lá no bairro também um cara meio maluco, que não gostava de ser chamado de “Brasil”. Então, uma das melhores diversões era chamá-lo de BRASIL, quando ele passava, porque ele saía correndo atrás da gente.
E é claro que não pegava, né? E o Brasil xingava, jogava pedra, e era aquela farra com o pobre do Brasil. A Igreja está se divertindo, né?
Mas não tem nada de engraçado! Porque, aqui, o que o texto que lemos está querendo dizer é uma coisa muito séria! Reparem que aqueles rapazinhos chamavam de careca, insistentemente, um homem de Deus, um profeta, um símbolo da Palavra do Senhor.
Porque era assim que o profeta iniciava qualquer discurso: —“Assim diz o Senhor”. O profeta era o oráculo, ele era o porta-voz de Deus, ele era o intérprete dos desejos e das mensagens do Senhor. O profeta era, portanto, de certa forma, sagrado.
Mas aqueles rapazinhos haviam perdido a noção do Sagrado. É terrível quando se perde a noção do Sagrado!
Aquele homem de Deus se torna “o careca”, o objeto da brincadeira e da galhofa, quando tudo aquilo que ele representa já não merece o respeito e se esvazia de significado e de sentido.
E, quantas vezes, nós, nos dias de hoje, perdemos a noção do Sagrado? E quando isso acontece, nós perdemos a noção daquilo que sinaliza a grandeza, a soberania, o poder, a divindade, a presença do que é mais santo, mais transcendente.
Como, por exemplo, este lugar. Aqui é um santuário de Deus. Ainda que tudo isso aqui seja de madeira, de pedra, de ferro, de plástico; ainda que tudo isso tenha sido construído pelas nossas próprias mãos. Tudo isto leva a marca santificadora da presença de Deus!
Aqui é a Casa de Deus, para nós, quando nos reunimos como povo de Deus, como família cristã, como igreja do Senhor Jesus.
E quantas vezes perdemos a noção de que isto tudo aqui é sagrado? É como se estivéssemos dizendo ao profeta: “Vai, ô careca! Careca!”
E fazemos isso quando perdemos, aqui dentro, a noção do que é sagrado, e nos distraímos com as calvícies alheias, ou com as nossas próprias, e estabelecemos conversas que não dizem respeito a este lugar.
Quando, em vez de orar e adorar ao Senhor, nos distraímos com outras coisas, brincamos com alguém que está perto de nós. Perder a noção do sagrado é não ter a devida reverência por aquilo que sinaliza a presença do Senhor.
Este mundo, de alguma maneira, agora está tentando resgatar aquilo que é sagrado, a natureza criada por Deus. Mas, talvez seja tarde demais!
Porque este mundo, esta tecnologia que se desenvolveu, e tudo o mais, tudo isso fez o homem perder a noção da sacralidade da natureza.
As florestas são devastadas, espécies de plantas e de animais são extintas e, muito pior, não há respeito por aquilo que é o mais sagrado na face da Terra, o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus e um pouco menor do que Deus, diz a Palavra.
As pessoas perderam a noção da sacralidade humana! As mulheres vendem seus corpos como se fossem mercadorias. Os homens, igualmente, se prostituem. Terrível isso, não é?
“Vai, ôCareca! Careca!” Vai, Deus! E aí vem as “engraçadas” piadas sobre Deus! É a perda mais terrível da noção do sagrado.
Este mundo precisa resgatar a consciência de sacralidade; precisa recompor em si mesmo, toda esta dimensão sagrada de tudo o que existe.
Porque, quando se perde a noção do que é sagrado, viram o que acontece? Está aí no texto que acabamos de ler. O que aconteceu? Hein?
É... o profeta, virando-se para trás, viu os rapazinhos e os amaldiçoou em nome do Senhor e, então, duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos.
Era uma turma grande! Quando se perde a noção do sagrado, as ursas chegam! E despedaçam e dilaceram, e quebram, e arrancam pedaço! E correm atrás e não há tempo de fugir.
Cuidado com a consciência do sagrado que você não pode perder jamais. A sacralidade deste espaço. Ou este lugar é sagrado, ou ele é igual a todos os lugares.
Reparem, o templo aqui não é sagrado, porque o cimento é sagrado, porque as pedras são sagradas. Ele é sagrado, pela presença santificadora de Deus.
E, se este lugar é sagrado, você tem que tratá-lo com muito respeito. E a sua postura tem que ser uma postura correspondente à sacralidade deste lugar.
Se a sua família é sagrada, trate-a como tal. Se este mundo, se esta natureza maravilhosa é sagrada, preserve-a. Você joga papel na rua?
Confesse! Joga, não é? De vez em quando? Joga, não joga? Não jogue, não! Não jogue, não! Guarde no seu bolso, espere o lugar, descubra um coletor de lixo.
— Ah, já está suja mesmo... mais um pedaço de papel ou... Por isso, eram mais de quarenta e dois! Porque um começou, os outros foram atrás.
Porque, então, você não começa uma outra coisa, para que as pessoas caminhem atrás de você na sacralidade da vida? Porque você não larga na frente, em vez de caminhar no vácuo daqueles que perderam a noção do sagrado?
Cuidado com as ursas. Quando eles se deram conta, elas já estavam tão perto, que despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos. Apenas duas ursas.
Já imaginou isso? Não eram quarenta e duas ursas, não; eram duas, somente! Mas, sabem por que eles perderam a noção do sagrado?
Está aí, no texto. Vejam lá, v. 23 — Indo Eliseu pelo caminho, uns rapazinhos saíram da cidade.
Ou seja, eles estavam onde não deviam estar! O lugar deles era lá dentro da cidade, no cumprimento das suas obrigações, no exercício da sua juventude, no lazer observado, com limites.
Mas estavam fora da cidade. Lugar, apenas, de passagem, como Eliseu, que estava ali porque se dirigia ao Monte Carmelo.
A vida estava dentro da cidade. Lá estava o limite do sagrado! Mas eles estavam fora do lugar. Por onde você tem andado? Onde você tem estado? Você tem estado no lugar certo? Ou você anda passando dos limites que Deus e a sua Palavra estabelecem?
E, reparem que os limites que Deus e a sua Santa Palavra estabelecem, são limites tão amplos, que ninguém precisa sentir-se enclausurado!
Não, não! Os limites de Deus são, absolutamente, confortáveis! Não há necessidade de ultrapassá-los. Tem gente que pode até dizer: — Ah, pastor, mas é muito apertado! Deus me aperta muito, exige muito de mim...
Não, não é verdade! Em Jo 8:36 está escrito > Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. — 1Co 10:23 > Todas as coisas são lícitas, mas nem todas edificam.
Este é o bom limite da Santa Palavra de Deus! O bom limite de uma consciência alimentada por esta escritura maravilhosa, interpretada pelo próprio Espírito dentro de nós.
Não, os limites não são os limites impostos pelo pastor ou pelo conselho da Igreja. Não! Nunca fizemos isto aqui! Os limites são os limites que o Espírito Santo define em você, para que você esteja sempre no lugar exato, dentro da cidade.
Porque, fora dela, no lugar de passagem, no lugar dos viajantes, dos que vão para outro lugar, há grande perigo! Por trás das árvores, há perigosas ursas.
Cuidado com os apelidos que você pretende colocar no pastor da Igreja! É verdade que, o máximo que vocês podem dizer, é:
— Puxa, o pastor Pedro é um gato! É ou não é? Bonitão! Aí tá bem! Não vai acontecer muita coisa com você, não. Talvez uma ursa loira... se vingue!
Ou eu sou o pastor, ou eu sou o homem de Deus, ou eu não sou nada. Ou a Igreja me identifica, ou ela não volta mais aqui. Por que é que a Igreja vem aqui?
Porque ela quer ouvir a Palavra de Deus, através de um homem de Deus, seja careca, gordo, magro, não importa!
Mas, quem sabe, são os homens de Deus que estão perdendo a noção do sagrado? Quem sabe eles estão saindo da cidade? Quem sabe?
Mas isso é outra história. Hoje é para a Igreja pensar. Pense em você primeiro. Há uma dimensão sagrada em tudo que diz respeito à sua vida:
Você, sua família, seu trabalho, a Igreja, sua comunidade. Não perca essa dimensão! Não saia do lugar certo! Não vá para lugares que não lhe convêm.
Porque, se vocês perderem a noção do sagrado, vocês podem ser alcançados pelas ursas, que despedaçam, que matam, que dilaceram, que arrancam partes, que mutilam, que incapacitam, que imobilizam, sem que você tenha muita chance de escapar.
Apenas duas ursas despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos. Faça como o profeta que não perdeu a dimensão da sacralidade do seu ministério, a despeito dos seus poucos cabelos, e não admitiu que rapazinhos, sem noção do sagrado, o ridicularizassem.
O v.24 diz — Virando-se ele para trás, viu-os e os amaldiçoou em nome do SENHOR; E lá foi o profeta para o Monte Carmelo, lugar de simbologia sagrada, para, ali, se recompor; para, ali, aprofundar a sua consciência sagrada de ministério e, então, voltar para Samaria.
Se você NÃO tem visto pastores que lhe inspirem a consciência do sagrado, é uma pena! Mas ainda há muitos que guardam essa sacralidade.
Não abrem mão dela e, em nome dessa sacralidade, hão de pregar a Palavra de Deus com fidelidade, com poder, com força, com emoção, com paixão!
Que Deus abençoe a Igreja. Acho que dá para pensar durante uma semana, não dá? Deus abençoe a vocês todos. Amém?

Um comentário:

  1. Que benção, gostei da aplicação feita neste texto biblico.
    Que Deus continue te Abençoando!
    Pastor Pedro como eu posso obter um exemplar da revista Jovens e Adultos , da escola biblica dominical utilizada por voces ? È que eu faço parte de outra denominação, mas gostei do conteudo que as suas revistas tem ,por isso, deixo meu E-mail: pbadmsantos@hotmail.com . estou aguardando resposta

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